O exército israelita anunciou hoje terem sido administradas 1.107.541 doses de vacinas contra a poliomielite na Faixa de Gaza, cobrindo 90 por cento de todas as crianças com menos de 10 anos de idade.
Na terça-feira, o ministro da Saúde de Gaza, Abu Ramadan, tinha anunciado que 556.774 crianças receberam a vacina no último dia da campanha de inoculação da segunda dose, que teve início a 14 de outubro.
A UNICEF, uma das organizações envolvidas, a par da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA) e da Organização Mundial de Saúde (OMS), sublinhou que a campanha de vacinação decorreu "em condições extremamente difíceis".
"Estima-se que entre 7.000 e 10.000 crianças em zonas inacessíveis como Jabalia, Beit Lahia e Beit Hanoun permanecem não vacinadas e vulneráveis ao poliovírus", alertou a agência da ONU, numa referência às crianças que estão na zona cercada pelo exército no norte de Gaza e que foi excluída desta campanha.
De acordo com as forças armadas, durante as duas fases 211.170 crianças receberam a vacina no norte de Gaza, 379.361 no centro de Gaza e 517.070 no sul de Gaza.
No norte, o último setor da Faixa de Gaza a ser integrado na vacinação, a campanha foi adiada durante quase duas semanas devido à intensa ofensiva israelita no último mês e que vitimou 1.800 palestinianos, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas.
Apenas os habitantes da cidade de Gaza, no norte, mas fora do cerco, podiam receber a vacina.
"Devido às hostilidades, mais de 150.000 pessoas foram forçadas a sair do norte de Gaza para a cidade de Gaza, o que ajudou mais crianças do que o esperado a ter acesso (à vacina)", comentou a UNICEF.
O exército afirmou que, através da Cogat - a agência militar que gere os assuntos civis em Gaza - facilitou a entrada de 335.000 doses da vacina, "o suficiente para imunizar mais de 4,8 milhões de pessoas".
A poliomielite tinha sido erradicada em Gaza há 25 anos, mas reapareceu devido às condições higiénico-sanitárias provocadas pela ofensiva israelita, como a sobrelotação da população e escassez de água ou de produtos de higiene pessoal, bem como pela acumulação de resíduos.
Em agosto, após vários meses de alertas da OMS sobre o possível ressurgimento do vírus, o Ministério da Saúde palestiniano confirmou um caso de poliomielite num bebé de 10 meses.
Na altura, as autoridades palestinianas afirmaram que a criança tinha sido infetada por falta de vacinação devido à guerra.
Mais de 43.300 pessoas foram mortas e mais de 100 mil feridas no devastado território palestiniano desde o início da ofensiva israelita contra o Hamas, há mais de um ano, sem contar com os milhares de corpos que se estima permanecerem enterrados sob os escombros, segundo o mais recente relatório Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo grupo islamita palestiniano.
O conflito iniciou-se depois do Hamas ter lançado um ataque sem precedentes a Israel em outubro de 2023, matando, segundo as autoridades locais mais de 1.200 pessoas e raptando outras 250.