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Israel acusa jornalista da Al Jazeera morto em ataques de ser "terrorista do Hamas"

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Mahmoud Issa - Reuters

Um jornalista que trabalhava para a Al Jazeera foi morto na segunda-feira num ataque israelita na Faixa de Gaza, onde o exército mantém operações terrestres. Israel acusou o jornalista de ser um "atirador terrorista" do Hamas, mas o grupo militar palestiniano já veio negar as acusações.

O jornalista Hossam Shabat, que trabalhava para a Al Jazeera Mubasher, o serviço de transmissão em direto em árabe, foi morto na segunda-feira no norte de Gaza. A Defesa Civil de Gaza informou que o seu carro foi alvo de um drone em Beit Lahia.

Segundo imagens da AFPTV, o carro, que tinha o logótipo do canal, foi atingido por um drone e o corpo do jornalista foi encontrado perto do local.

Israel assumiu a responsabilidade pelo ataque que matou Shabat, alegando que o jornalista era um “atirador terrorista do Hamas”.

“[O exército e o Shin Bet] eliminaram um terrorista do Hamas (...) que também trabalhava como jornalista para a Al Jazeera", afirmaram o exército e o Shin Bet (a agência de segurança de Israel) numa declaração conjunta. De acordo com o texto, Hossam Shabat era "um atirador terrorista do batalhão do Hamas em Beit Hanoun", uma cidade no norte da Faixa de Gaza.

O grupo islâmico-palestiniano já veio negar estas afirmações.


A Defesa Civil informou ainda que um funcionário da estação de televisão da jihad islâmica “Palestine Today”, Mohamed Mansour, foi morto num outro ataque em Khan Younis, no sul de Gaza. O Sindicato dos Jornalistas Palestinianos denunciou o que apelida de "um novo massacre contra os jornalistas".

A 15 de março, quatro jornalistas foram mortos num ataque israelita em Beit Lahia, onde trabalhavam nesse dia para uma organização de solidariedade.

No total, mais de 206 jornalistas e profissionais dos media foram mortos desde o início da guerra de Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas a Israel, a 7 de outubro de 2023, segundo o Syndicate.
Israel mantém pressão militar
O exército israelita continua a sua ofensiva em Gaza, depois de ter quebrado o cessar-fogo a 18 de março. Na manhã desta terça-feira, pelo menos 14 pessoas morreram em ataques israelitas no território palestiniano.

"Mais de 20 ataques aéreos realizados pela força aérea israelita em diferentes zonas da Faixa de Gaza provocaram pelo menos 14 mártires, incluindo várias crianças e mulheres", disse Mahmoud Bassal, porta-voz da organização de resgate.

Segundo Bassal, nove pessoas foram mortas ao amanhecer na província de Khan Younis, incluindo uma família de cinco pessoas. Outras cinco pessoas foram mortas por um ataque aéreo israelita a um edifício em Zeitoun, um bairro no sudeste da Cidade de Gaza, segundo a Defesa Civil.

Questionado pela AFP, o exército israelita confirmou que realizou ataques na Faixa de Gaza durante a noite, especificando que ocorreram no âmbito de operações "antiterroristas". Israel mantém a pressão militar, exigindo a entrega dos reféns que ainda estão na posse do Hamas para suspender os ataques em Gaza.

Um cessar-fogo em Gaza entrou em vigor a 19 de janeiro, após um acordo ter sido alcançado pelos países mediadores.

Mas depois de semanas de desentendimentos, Israel quebrou o cessar-fogo a 18 de março com bombardeamentos maciços seguidos de operações terrestres, que já mataram pelo menos 730 palestinianos desde esse dia.

Israel e o Hamas estão num impasse, não chegando a um entendimento sobre como prosseguir o acordo de tréguas – cuja primeira fase expirou a 1 de março.

O Hamas quer passar à segunda fase do acordo, que prevê um cessar-fogo permanente, a retirada das tropas israelitas de Gaza, a retoma do envio de ajuda humanitária e a libertação dos restantes reféns.

Israel, por seu turno, quer que a primeira fase seja prolongada até meados de abril para que mais reféns sejam libertados e exige a "desmilitarização" de Gaza e a saída do Hamas antes de passar à segunda fase. O Hamas não aceitou a proposta e insiste que seja cumprido o acordo inicial.

c/ agências
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