O irmão mais velho do Presidente Lula da Silva admitiu ter-se encontrado com empresários que estavam interessados em obter favores em Brasília, mas negou ter recebido dinheiro, informou hoje a "Folha de São Paulo".
De acordo com a reportagem, Genival Inácio da Silva, conhecido como Vavá, no depoimento à Polícia Federal (PF), declarou ter feito de intermediário "apenas para ajudar as pessoas".
A PF gravou conversas telefónicas de um empresário da área de construção e de um outro do sector da agro-pecuária com o empresário do ramo de jogos Nilton Servo, que deram a indicação de que os favores pedidos seriam encaminhados ao irmão do PR Lula.
Segundo a "Folha de São Paulo, que teve acesso a trechos do depoimento de Vavá, sob sigilo na Justiça Federal, os polícias apresentaram ao irmão do Presidente os trechos dos telefonemas gravados.
Vavá reconheceu ter pedido emprestado, "uma única vez", 2.000 reais (770 euros) a Servo "para pagar uma conta".
A afirmação contradiz, no entanto, o que diz Servo a vários interlocutores nos telefonemas gravados pela PF, em que indica que esses pedidos de Vavá eram frequentes.
Vavá foi indiciado por tráfico de influências no Executivo e exploração de prestígio no Poder Judicial por alegado envolvimento com a máfia dos jogos.
O presidente brasileiro disse terça-feira duvidar que o seu irmão tivesse feito "lobby" junto do governo.
"Ele (Vavá) está mais para ingénuo do que para lobista", afirmou Lula da Silva, em entrevista concedida em Guarulhos, no Estado de São Paulo.
Na avaliação do Presidente, o seu irmão "parece mais um lambari" no cardume apreendido pela Polícia Federal durante a operação "Xeque-Mate", deflagrada no dia 04 de Junho contra suspeitos de crimes de contrabando, corrupção e tráfico de drogas.
"É um lambari especial, porque é irmão do Presidente", afirmou.
Lula Silva criticou ainda as fugas de informação para a imprensa.
"Esse processo é sigiloso, parece-me, só para quem é vítima. Aos olhos do mundo, a imprensa parece que recebe uma informação primeiro que o juiz, quem sabe até antes do Ministério Público", criticou.