Iraque recusa ser "campo de batalha" entre Irão e EUA

por Inês Moreira Santos - RTP
Barham Salih, presidente iraquiano, recusa que Iraque seja um campo de batalha. Reuters

O presidente iraquiano e o parlamento condenaram o ataque iraniano às forças norte-americanas em retaliação pela morte do general Qassem Soleimani, na madrugada desta quarta-feira, pedindo aos EUA e ao Irão que não transformem o Iraque num "campo de batalha".

Barham Salih "denunciou" os disparos de mísseis do Irão contra duas bases iraquianas, em Ain al-Assad e em Erbil, que albergavam tropas norte-americanas, e afirmou que recusa que "o Iraque seja transformado num campo de batalha para as partes envolvidas no conflito".

"Denunciamos o bombardeamento de mísseis iranianos que atingiram instalações militares no território iraquiano e reforçamos a nossa rejeição à repetida violação da soberania do Estado e à transformação do Iraque num campo de batalha", declarou Salih em comunicado.

Bagdade "declarou anteriormente recusar ser um ponto de partido para a agressão contra qualquer país e também recusa ser fonte de ameaça para qualquer um dos seus vizinhos", lê-se no comunicado da presidência iraquiana.

Também o presidente do Parlamento iraquiano, Mohamed al-Halbusi, condenou os ataques do Irão às bases de coligação internacional no Iraque, esta quarta-feira.

"Condenamos a violação iraniana da soberania iraquiana esta madrugada. Confirmamos a nossa rejeição absoluta a que as partes em conflito usem território iraquiano para ajustar contas", afirmou Al-Halbusi.

O parlamento iraquiano já tinha aprovado uma resolução pedindo a retirada do país das tropas estrangeiras, incluindo cerca de 5200 militares norte-americanos, após a morte do general Qassem Soleimani.
"Segurança interna" é prioridade do Iraque
O Ministério dos Negócios Estrangeiros iraquiano condenou o ataque de retaliação do Irão e convocou uma reunião com o embaixador de Teerão em Bagdade.

Num comunicado, o ministério declara que "rejeita esses ataques e considera uma violação da soberania iraquiana", sublinhando que "o Iraque é um Estado independente e que sua segurança interna é a sua prioridade".

"Não permitiremos que se torne num campo de batalha", reforçou também o ministério iraquiano.

O ataque, reivindicado pelos Guardas da Revolução iranianos como uma "operação de vingança" pelo assassínio de Soleimani, matou "pelo menos 80 militares norte-americanos".
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