O Governo do Iraque condenou hoje disparos de mísseis, realizados por Teerão no Curdistão autónomo no norte do país, uma ação que considerou uma "agressão visando a soberania do Iraque e a segurança da população".
As autoridades iraquianas "vão tomar todas as medidas legais" necessárias, incluindo "uma queixa junto do Conselho de Segurança" da ONU, na sequência destes ataques, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Iraque, em comunicado.
A diplomacia iraquiana anunciou também a formação de uma comissão de inquérito para provar "à opinião pública iraquiana e internacional a falsidade das alegações dos responsáveis por estes atos condenáveis".
Na segunda-feira, o Irão lançou ataques contra alvos ligados ao grupo extremista Estado Islâmico [EI] e "espiões do regime sionista [Israel]" na Síria e no Iraque, onde atingiu uma área perto do consulado dos Estados Unidos, no Curdistão iraquiano.
Ainda no mesmo dia, o departamento de Estado norte-americano e o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca criticaram os ataques, numa reação à ação dos Guardas da Revolução iranianos contra alvos no Iraque e na Síria.
"Nenhum elemento, nem qualquer instalação norte-americana foram atingidos", acrescentou a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca Adrienne Watson.
Os Guardas da Revolução identificaram "os locais de reunião dos comandantes e elementos-chave ligados às recentes operações terroristas", particularmente do EI, "nos territórios ocupados da Síria que destruiu, disparando um determinado número de mísseis balísticos", pode ler-se no Sepah News, o `site` oficial desta divisão de elite das forças armadas iranianas.
A nota sobre este bombardeamento especificou, em concreto, que esta foi uma resposta ao duplo ataque perpetrado no início de janeiro no Irão e reivindicado pelo EI.
O grupo extremista EI reivindicou, no início deste mês, dois atentados suicidas contra uma comemoração de um general iraniano morto num ataque de `drones` nos EUA em 2020.
O ataque, que ocorreu em Kerman, matou pelo menos 84 pessoas e feriu 284 numa cerimónia em homenagem ao general Qassem Soleimani.
Os ataques ocorrem num momento de tensões na região e de receios de repercussões mais amplas da guerra em curso em Gaza, entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas.
Desde o início da guerra Israel-Hamas, em 07 de outubro, milícias apoiadas pelo Irão no Iraque lançaram ataques quase diários de `drones` contra bases que abrigam forças dos EUA no Iraque e na Síria, no que os grupos disseram ser uma retaliação ao apoio de Washington a Israel e uma tentativa de forçar as tropas dos EUA a deixarem a região.