Diplomatas avançaram esta sexta-feira que os Estados Unidos pediram ao Conselho de Segurança das Nações Unidas um encontro à porta fechada para discutir o dossier iraniano. Washington pretende reunir os membros daquele órgão na segunda-feira, supostamente para apresentar nova informação sobre os ataques aos petroleiros.
Estes novos elementos da escalada de tensão entre Teerão e Washington surgem escassas horas depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter admitido que chamou os aviões e parou um ataque contra o Irão quando as máquinas de guerra estavam já no ar a caminho dos objetivos.
Tratava-se da resposta dos Estados Unidos ao abate de um drone norte-americano pelas forças iranianas. Trump justificou a chamada dos aviões com a possibilidade de o ataque vir a matar centena e meia de pessoas, o que “seria uma resposta desproporcionada”.
....On Monday they shot down an unmanned drone flying in International Waters. We were cocked & loaded to retaliate last night on 3 different sights when I asked, how many will die. 150 people, sir, was the answer from a General. 10 minutes before the strike I stopped it, not....
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 21 de junho de 2019
O próprio Presidente explicou que depois de questionar os seus generais sobre a estimativa de baixas num ataque como o que foi preparado, “eles vieram e disseram aproximadamente 150 e eu pensei nisso um segundo. E então eu disse: Sabem? Eles deitaram abaixo um drone não-tripulado… e nós estamos aqui a falar da morte de 150 pessoas. Não me agradou. Acho que é desproporcionado”.
"Ainda bem que voltou atrás"
A decisão de cancelar o ataque contra o Irão mereceu a aprovação da democrata Nancy Pelosi, presidente (speaker) da Casa dos Representantes. Pelosi acredita que os efeitos colaterais poderiam ser “muito provocadores”.
“Um ataque com esta carga de efeitos colaterais seria muito provocatório e ainda bem que o Presidente voltou atrás”, declarou a líder da câmara, sublinhando a necessidade de o presidente Trump ir ao Congresso para obter uma autorização antes de qualquer acção militar contra Teerão.
Entretanto, sabe-se também que Trump já falou com os seus maiores aliados na região, os sauditas. Depois de as novas fricções com Teerão terem feito subir os preços do petróleo, o Presidente norte-americano falou, já esta sexta-feira, com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. Na agenda desta conversa terá estado a estabilidade do Médio Oriente e o mercado do crude.
Num comunicado cujo propósito seria mais enviar um recado a Teerão e aliados do que adiantar informação vital a compreender a atual conjuntura da região, a Casa Branca fez saber que “os dois líderes discutiram o papel crucial da Arábia Saudita para a estabilidade de região do Médio Oriente e no mercado internacional do petróleo. Discutiram ainda a ameaça colocada pela escalada do regime iraniano”.