Irão sem pressa para que EUA regressem ao acordo nuclear

por RTP
EPA

O líder supremo do Irão, aiatolá Ali Khamenei, afirmou esta sexta-feira que Teerão não tem urgência em que os Estados Unidos voltem ao acordo nuclear de 2015, e exige a suspensão das sanções impostas por Washington.

Num discurso transmitido pela televisão iraniana, esta sexta-feira, o líder supremo do Irão expressou não ter pressa em que os EUA regressem ao acordo nuclear de 2015 com outras seis grandes potências mundiais, como prometeu já Joe Biden. No entanto, Ali Khamenei exigiu que as sanções norte-americanas impostas ao Irão fossem suspensas imediatamente.

A questão não é se "os Estados Unidos voltarão, ou não".

"Não temos pressa e não estamos a insistir para que voltem"
, afirmou Khamenei.

"O que é lógico é que as sanções sejam suspensas", porque "é um direito usurpado da nação iraniana",
disse ainda.

Para o líder iraniano, "as sanções são uma traição e um crime contra a nação iraniana e devem ser levantadas".

"Mas também devemos planear a nossa economia de uma forma que possamos administrar bem o país, apesar das sanções"
, disse Khamenei.

"Os Estados Unidos e a Europa (...) têm o dever de respeitar este direito do povo iraniano", afirmou.

Em 2015, o Irão e o Grupo dos Seis (China, França, Rússia, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos) chegaram a um acordo em Viena sobre um Plano Conjunto de Ação Global (JCPOA, na sigla em inglês) para resolver a questão nuclear iraniana após 12 anos de tensão. O acordo garante ao Irão uma flexibilização das sanções internacionais em troca de limitar o seu programa nuclear e garantir que não vai produzir bombas atómicas.

Todavia, este acordo internacional está ameaçado desde que Donald Trump retirou os EUA do acordo em 2018, antes de restabelecer e intensificar as sanções económicas em nome de uma política de "pressão máxima" contra o Irão. Em retaliação, Teerão começou a gradualmente a infringir partes sucessivas do acordo.

Na segunda-feira, o Irão anuniciou que retomou o enriquecimento de urânio a 20 por cento numa instalação nuclear subterrânea em Fordow. Uma lei iraniana aprovada em dezembro de 2020 autoriza, no entanto, a produção anual de, pelo menos, 120 quilos de urânio enriquecido a 20 por cento, muito acima dos valores estabelecidos pelo acordo nuclear.

Esta medida iraniana é mais uma "violação" do acordo nuclear, que fixava o limite máximo para enriquecimento de urânio em 3,67 por cento.

O Irão garante, contudo, que pode reverter rapidamente estas infrações, se as sanções dos EUA forem removidas.

Já o presidente eleito dos EUA, o democrata Joe Biden, que assume o cargo a 20 de janeiro, anunciou que os EUA voltam ao acordo "se o Irão retomar o cumprimento estrito" do acordado.

"Se as sanções forem suspensas, o regresso dos norte-americanos fará sentido", disse Khamenei. Caso contrário, "se as sanções não forem suspensas, o regresso dos Estados Unidos não só não nos beneficiará, como também nos pode prejudicar".

"Quando uma parte não cumpre nenhuma das suas obrigações, não seria lógico que a República Islâmica respeitasse todos os seus compromissos", acrescentou o líder supremo.

"Se eles voltarem às suas obrigações, nós voltaremos às nossas", garantiu.
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