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Irão pode recomeçar programa nuclear se conversações falharem

por RTP
Danish Siddiqui - Reuters

O Irão está pronto para reiniciar o programa nuclear numa “escala industrial", depois de Donald Trump, Presidente dos EUA, ter anunciado que abandonava o acordo que restringe as ambições nucleares iranianas. O anúncio surge na véspera da partida do ministro dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif, a Pequim, Moscovo e Bruxelas, numa ronda diplomática.

Mohammad Javad Zarif parte sábado de Teerão para Pequim, seguindo depois para Moscovo e terminando a deslocação em Bruxelas para discutir as opções para salvar o acordo nuclear. O ministro viaja acompanhado de responsáveis pela economia iraniana.

Esta sexta-feira, Mohammad Javad Zarif afirmou que durante a sua ronda diplomática o Irão iria iniciar preparativos para reiniciar o seu programa de enriquecimento nuclear.



As declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano surgem numa altura em que milhares de iranianos participaram na maior manifestação desde terça-feira, dia em que Trump anunciou a decisão de abandonar o acordo.

Esta sexta-feira, depois de saírem das orações em Teerão, manifestantes queimaram uma bandeira americana e protestaram contra os Estados Unidos e Israel.


Foto: Reuters

Na sua declaração, Zarif acusou Donald Trump de “ignorância e insensatez” e acrescentou que a política externa norte-americana “arrastou o Médio Oriente para o caos”.

Tantos os países europeus como a Rússia e a China criticaram a decisão norte-americana e manifestaram empenho em manter o acordo. O acordo nuclear foi assinado em 2015 entre o Irão e o grupo 5+1 (EUA, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha).

O governante iraniano frisou que o seu país vai tentar salvar o acordo nuclear nas negociações com os países europeus que são co-signatários do acordo. Zarif vai encontrar-se, terça-feira em Bruxelas, com os seus homólogos da Alemanha, França e Reino Unido.

Em Teerão, os protestos aumentaram nos últimos dias, não só contra o Presidente norte-americano, mas também com a avalanche de ataques aéreos contra alvos iranianos na Síria, em resposta ao que Israel alegou ser ataque contra um ataque iraniano aos Montes Golã.



Zarif condenou as acusações de Israel, e apelidou-as de “flagrante violação da soberania do país”.

Quinta-feira, Israel alegou que tinha atingido todas as capacidades militares do Irão na Síria após o ataque aos Montes Golã. Israel anexou os Montes Golã em 1981, depois de os recuperar da Síria durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967. A comunidade internacional nunca reconheceu a anexação e considera os Montes Golã como territórios ocupados por Israel.

Até ao momento não houve qualquer declaração oficial do Governo iraniano de que tenha sido responsável pelo ataque aos Montes Golã, nem qualquer reconhecimento de que a presença militar iraniana na Síria tenha sido afetada pelos ataques israelitas.

No Irão, a notícia dos combates foi relatada como um conflito entre a Síria e Israel. E não foi feita nenhuma menção ao alegado envolvimento de militares iranianos na Síria.

Na sua declaração, Zarif não mencionou a crise com Israel, mas afirmou que o Irão tem o direito de se defender, particularmente à luz da guerra de oito anos com o Iraque, que começou quando o regime de Saddam Hussein invadiu o Irão em 1980.

O ministro iraniano acusou ainda os Estados Unidos e os seus aliados de fomentarem a agitação no Médio Oriente, “transformando a nossa região num barril de pólvora por meio da venda de centenas de milhões de dólares de armas avançadas inúteis”.
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