Irão. O choro de Khamenei junto ao caixão de Soleimani e as promessas de ataque de Trump

por RTP
Milhares de pessoas no funeral de Soleimani EPA

O `ayatollah` Ali Khamenei, líder supremo do Irão, orou e chorou próximo dos caixões do general Qassem Soleimani e de outros mortos no ataque norte-americano em Bagdade na sexta-feira. Durante as cerimónias fúnebres em Teerão, a filha de Soleimani lançou promessas de um ataque às forças armadas dos EUA no Médio Oriente. Enquanto isto, nos EUA, via Twitter, o presidente norte-americano colocou sob aviso o Congresso de que um ataque iraniano terá com resultado imediato uma resposta forte e sem aviso dos EUA.

As cerimónias fúnebres ficam marcadas pelas milhares de pessoas nas ruas e pelo choro de Khamenei, muito próximo de Soleimani.

Ao seu lado tinha Esmail Ghaani, sucessor de Soleimani na força de elite iraniana Al-Quds, o Presidente iraniano, Hassan Rouhani, e outros líderes da República Islâmica.

As promessas de uma resposta ao ataque norte-americano partiram da filha de Qassem Soleimani, Zeinab. "As famílias dos soldados norte-americanos no oeste da Ásia (...) passam o dia esperando a morte de seus filhos", disse.

O líder do grupo militante palestino Hamas, Ismail Haniyeh, está em Teerão e assistiu também às cerimónias fúnebres de Soleimani. Num discurso aos iranianos, descreveu o general Qassem Soleimani como "o mártir de Jerusalém" e prometeu seguir o caminho de Soleimani para "confrontar o projeto sionista e a influência norte-americana".
O general Qassem Soleimani, comandante da força de elite iraniana Al-Quds, foi assassinado na sexta-feira num ataque aéreo contra o carro em que seguia, junto ao aeroporto internacional de Bagdade, ordenado pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Trump no Twitter

Um aviso para o Irão, mas também para o Congresso norte-americano.
Por esta via informal, na sua rede social preferida, Donald Trump notificou o Congresso norte-americano de que se o "Irão atacar qualquer pessoa ou alvo norte-americano, os Estados Unidos vão rapidamente e com toda a força contra-atacar, talvez de forma desproporcionada".

No mesmo tweet, Trump escreve que, apesar de não ser necessária qualquer notificação legal sobre um ataque, decidiu, por esta via (Twitter), informar o Congresso.
Desagrado alemão
Palavras que não agradaram à Alemanha, com o governo germânico a afirmar que as ameaças de Trump não "são uma grande ajuda".

Perante a crise atual, a chanceler alemão anunciou uma viagem à Rússia para conversações com o Presidente russo sobre a morte de Soleimani e o que pode acontecer a partir de agora.

A viagem acontece após um convite que partiu de Putin. Para além da questão iraniana, os dois vão igualmente analisar a situação na Síria, Líbia e Ucrânia.
China. Retirada norte-americana do acordo nuclear na origem de todos os problemas
Também em reação aos últimos acontecimentos, as autoridades chinesas consideraram que a "pressão máxima" exercida pelos Estados Unidos está na raiz das renovadas tensões com o Irão. Em causa, a retirada norte-americana do acordo nuclear com o Irão.

"Embora o Irão seja obrigado a quebrar com o acordo devido a fatores externos, [Teerão] mostrou moderação", considerou o porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros.

Para a China, o acordo só poderá sobreviver através de uma solução "política e diplomática", o fim de interferências externas e evitando "qualquer medida que possa complicar ainda mais a situação".

O acordo nuclear limitou o programa atómico do Irão em troca do levantamento de sanções internacionais, mas a saída dos EUA enfraqueceu o pacto.


A Europa tentou tomar medidas para salvaguardar o acordo, mas o canal de pagamentos especiais, que visava contornar as sanções, ainda não foi lançado.

O governo iraniano anunciou neste domingo que eliminou o último dos compromissos que ainda respeitava, o limite do número de centrífugas, que era de cerca de 6.100, para a produção de urânio.

No entanto, Teerão disse que vai continuar a cooperar com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), o que Geng interpretou como um sinal "claro" da "vontade política de implementar o acordo de maneira completa e eficaz".

C/ Lusa
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