O líder supremo do Irão, Ali Khamenei, apoiou no domingo a subida dos preços dos combustíveis nesse país, apesar de estes terem sido motivo de violentos protestos nos últimos dias. O Ayatollah culpou ainda os opositores da República Islâmica e inimigos estrangeiros pelos protestos, durante os quais pelo menos duas pessoas morreram e cerca de mil foram detidas. Já os Estados Unidos condenam o uso de força por parte das autoridades iranianas.
“A contrarrevolução e os inimigos do Irão sempre apoiaram sabotagens e violações de segurança e continuam a fazê-lo", declarou a maior autoridade da República Islâmica do Irão. “Infelizmente foram provocados alguns problemas, várias pessoas perderam a vida e alguns locais foram destruídos”.
As forças de segurança iranianas começaram a entrar em conflito com grupos de manifestantes em Teerão no sábado, um dia depois de ser anunciado o aumento do preço dos combustíveis. Pelo menos 100 bancos e dezenas de edifícios e veículos foram incendiados desde sexta-feira.
Esta segunda-feira, a Guarda Revolucionária Iraniana avisou aqueles que se manifestam contra o Governo do país que serão tomadas ações “decisivas” caso os tumultos continuem a “perturbar a paz e a segurança da população”.
Para que seja evitada uma escalada de tensões entre as autoridades e os manifestantes, Khamenei, que tem a última palavra em todas as questões políticas, pediu ao Governo que evitasse a subida do preço de outros produtos.
De acordo com o Governo do Irão, o preço da gasolina deverá aumentar pelo menos 50 por cento. O Presidente Hassan Rouhani garante que esta subida permitirá a Teerão juntar cerca de 2,55 mil milhões de dólares anuais que serão distribuídos pelos cerca de 60 milhões de iranianos que atualmente possuem baixos rendimentos.
Uma fonte do Governo iraniano avançou à agência Reuters que a decisão de aumentar o preço do combustível poderia ser benéfica nas eleições ao aumentar a taxa de participação. “Os 60 milhões de pessoas que vão receber apoios monetários vão certamente votar”, afirmou.
Estados Unidos condenam uso de força
Os Estados Unidos já condenaram, em comunicado, o uso de “força letal” e das “severas restrições nas comunicações” aplicadas aos manifestantes no Irão, referindo-se ao facto de as autoridades terem cortado o acesso à Internet de modo a evitar que as redes sociais sejam usadas para organizar concentrações.
“Os EUA apoiam o povo iraniano nos seus protestos pacíficos contra o regime que deveria liderá-lo”, declarou a Casa Branca. “Teerão tem procurado fanaticamente obter armas nucleares e tem apoiado o terrorismo, trasnformando uma nação orgulhosa num exemplo do que acontece quando uma classe dominante abandona o seu povo”.
A tensão entre os Estados Unidos e o Irão tem vindo a escalar dramaticamente desde que, no ano passado, Donald Trump decidiu a retirada unilateral do acordo nuclear e aplicou sanções ao país do Médio Oriente.
Desde a aplicação dessas sanções, os preços de produtos como o pão ou o arroz têm subido no Irão e, com o aumento do preço da gasolina, a população receia uma crise ainda maior nas despesas familiares.