O Irão anunciou hoje que vai "tomar medidas", incluindo colocar em funcionamento "novas centrifugadoras avançadas", após uma agência da ONU ter adotado uma resolução a criticar o programa nuclear do país.
A Organização de Energia Atómica do Irão (AEOI, na sigla em inglês) disse que "ordenou a tomada de medidas eficazes, incluindo a colocação em funcionamento de uma série de novas centrifugadoras avançadas de diferentes tipos".
O anúncio surgiu numa declaração conjunta da AEOI e do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano.
Na quinta-feira, o Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) aprovou uma resolução, apresentada pelos Estados Unidos, França, Reino Unido e Alemanha, a condenar o programa nuclear do Irão.
O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Saar, voltou hoje a apelar à comunidade internacional para que aumente a pressão sobre o regime iraniano para o impedir de obter uma arma nuclear.
"O regime mais perigoso do mundo não deveria ter a arma mais perigosa. Para o fazer, a comunidade internacional deve aumentar a pressão sobre o regime iraniano", disse o chefe da diplomacia israelita na rede social X.
O Governo iraniano já tinha alertado na quinta-feira que a resolução irá enfraquecer o diálogo com a agência da ONU.
O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araqchi, destacou o "importante papel" do Conselho de Governadores da AIEA na "salvaguarda da credibilidade da agência" e em "garantir o seu desempenho profissional e independente".
No entanto, acrescentou que a aprovação do texto vai minar e enfraquecer a cooperação entre Teerão e a AIEA.
Ao mesmo tempo, destacou a "postura construtiva" do Irão nas suas interações com a AIEA e criticou a "postura injustificada" por parte dos países ocidentais que apresentaram a proposta de resolução.
Arachi salientou que "estas ações poderiam alterar as funções técnicas e profissionais da agência" e lamentou as "ações não construtivas e injustificadas" em relação ao "programa nuclear pacífico" iraniano, segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão.
A diplomacia de Teerão tinha apelado aos estados membros do Conselho de Governadores da AIEA, que incluem o Brasil, para que evitassem a criação de "uma plataforma para promover a ganância política dos países ocidentais que já têm armas de energia nuclear".
Na semana passada, o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, visitou Teerão, numa iniciativa que o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano descreveu como frutífera.
O Presidente iraniano, Masud Pezeshkian, sublinhou na semana passada que Teerão "não tentou nem tentará" desenvolver armas nucleares.
Pezeshkian disse ainda que o Irão cumpriu as suas obrigações com o acordo alcançado em 2015, abandonado por Washington em 2019, durante o primeiro mandato do republicano Donald Trump.