Militares da Marinha do Irão iniciaram um exercício de mísseis navais de curto alcance, esta quarta-feira, numa altura em que aumenta a tensão entre Teerão e Washington, com o tema do acordo nuclear em cima da mesa e a pressão da Administração Trump nos últimos dias.
Foi com o navio de guerra iraniano Makran – que os meios de comunicação estatais descreveram como o maior navio de guerra do Irão com uma plataforma para helicópteros – e o navio de lançamento de mísseis Zereh que, esta quarta-feira, começou o exercício de simulação de mísseis para durar dois dias, no Golfo de Omã (estreito que liga o mar Arábico ao golfo Pérsico). A informação foi avançada pela televisão estatal do Irão, que confirmou ainda que estavam presentes altos oficiais militares, incluindo o chefe do Estado-Maior do Exército, general Hossein Baqeri.
O exercício começou com a entrega formal do navio-base avançado Makran e a fragata de lançamento de mísseis Zereh à Marinha iraniana. Segundo a televisão estatal, esta embarcação maior poderá ser utilizada para operações anti-submarino e antimina nas águas do Golfo Pérsico, além de trabalhos humanitários e operações especiais.
Os media iranianos afirmam até que o Makran, de 121 mil toneladas métricas, é
um navio de logística que dá suporte aos navios de combate da frota,
pode viajar quase três anos sem atracar e transporta equipamentos de
colheita e processamento de informações.
Já o navio de guerra de lançamento de mísseis Zereh, conhecido pela sua capacidade de manobra e velocidade, foi descrito pelos media como um dos poderosos navios do Irão equipados com mísseis avançados e artilharia.
Imagens de vídeo divulgadas pela Marinha iraniana mostram ainda helicópteros a transportar militares para o Makran como parte do exercício.
Video:#Iran Navy fleet in the Sea of Oman took delivery of a new homegrown helicopter carrier “Makran” as well as a missile-launching warship “Zereh” (Armor).
— Iran (@Iran) January 12, 2021
The homegrown missile-launching corvette would enhance the Navy’s combat capabilities in the country southern waters. pic.twitter.com/9HLD3iL7dN
De acordo com Aljazeera, a Marinha iraniana pretende disparar mísseis de cruzeiro à superfície do mar, testar mísseis de submarinos, conduzir operações de forças especiais e manobrar veículos aéreos não tripulados como parte deste exercício de dois dias.
"Ao organizar este exercício, podemos avaliar a nossa capacidade de responder a potenciais ameaças do inimigo em tempo útil e melhorar o nosso desempenho abordando os pontos fracos e aumentando os fortes", disse o almirante Hamzeh Ali Kaviani, que atuou como porta-voz do exercício.
"Ao organizar este exercício, podemos avaliar a nossa capacidade de responder a potenciais ameaças do inimigo em tempo útil e melhorar o nosso desempenho abordando os pontos fracos e aumentando os fortes", disse o almirante Hamzeh Ali Kaviani, que atuou como porta-voz do exercício.
É sabido que o Irão tem um dos maiores programas de mísseis do Médio Oriente e assume estas armas como uma importante força de dissuasão e retaliação contra os Estados Unidos e outros adversários, em caso de guerra. Já o Ocidente vê os mísseis iranianos tanto como uma ameaça militar convencional à estabilidade regional como um possível mecanismo de utilização de armas nucleares, caso Teerão as desenvolva.
Já na segunda-feira, o contra-almirante Alireza Tangsiri, atual comandante da Marinha do Corpo de Guardas da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) declarou que a República Islâmica tinha "controlo total" do golfo Pérsico, no meio da crescente tensão entre Washington e Teerão. Além disso, Tangsiri insistiu que os EUA "não têm opção a não ser a retirada da região do golfo", que é "a casa" do Irão e "dos países muçulmanos na região sul".
Agora, esta demonstração militar ocorre numa altura em que as tensões entre o Irão e os Estados Unidos aumentam, e apenas uns dias depois de Teerão ter revelado ter uma base subterrânea com mísseis de longo alcance.
Também esta quarta-feira, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, disse num discurso transmitido pela televisão durante uma reunião de gabinete que as sanções dos EUA vão falhar.
"Estamos a assistir ao fracasso de uma política, a campanha de pressão máxima, o terrorismo económico", disse Rouhani.
"Estamos a assistir ao fracasso de uma política, a campanha de pressão máxima, o terrorismo económico", disse Rouhani.
As tensões entre os Estados Unidos e o Irão aumentaram desde 2018, quando o presidente cessante dos EUA, Donald Trump, abandonou o acordo nuclear de 2015 e restabeleceu duras sanções para pressionar o Irão a negociar restrições mais rigorosas ao seu programa nuclear.
Nos últimos anos, têm existido confrontos periódicos entre as forças militares do Irão e dos EUA no Golfo de Omã, onde Teerão realiza exercícios anuais para exibir o poderio militar da República Islâmica, para enfrentar "ameaças estrangeiras".
Nos últimos anos, têm existido confrontos periódicos entre as forças militares do Irão e dos EUA no Golfo de Omã, onde Teerão realiza exercícios anuais para exibir o poderio militar da República Islâmica, para enfrentar "ameaças estrangeiras".
Aliás, nas últimas semanas, o Irão aumentou os exercícios militares. No sábado, a Guarda Revolucionária Islâmica realizou um desfile naval no Golfo Pérsico e uma semana antes Teerão tinha realizado uma simulação com drone em metade do país.
Também na semana passada, o Irão apreendeu um petroleiro sul-coreano e os seus tripulantes no Golfo, e mantém o navio num porto iraniano. A República Islâmica aparentemente tenta aumentar a sua influência sobre Seul antes das negociações sobre milhões de dólares em ativos iranianos congelados em bancos sul-coreanos vinculados às sanções dos EUA ao Irão.
Na terça-feira, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, acusou o Irão de ter ligações à rede terrorista Al-Qaeda e impôs novas sanções a vários altos funcionários iranianos.
Na terça-feira, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, acusou o Irão de ter ligações à rede terrorista Al-Qaeda e impôs novas sanções a vários altos funcionários iranianos.