O Irão, que mantém relações tensas com os Estados Unidos há décadas, afirmou esta quinta-feira esperar que a eleição de Donald Trump para a Casa Branca permita a Washington "rever as abordagens erradas do passado".
“O que é importante para o Irão será a forma como avaliaremos as ações do governo dos EUA”, acrescentou Baghaï.
Trump manteve relações muito tensas com TeerãoAs declarações de Baghaï foram feitas um dia depois da vitória nas eleições presidenciais norte-americanas de Donald Trump, que no primeiro mandato (2017-2021) aplicou ao Irão a chamada política de “máxima pressão”.
Em maio de 2018, Trump abandonou unilateralmente o acordo nuclear de 2015, que limitava o programa nuclear do Irão em troca do levantamento das sanções, e voltou a impor medidas restritivas que afundaram a economia do país.
O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, disse em setembro que Teerão está pronto para pôr fim ao impasse nuclear com o Ocidente, que o acusa de procurar capacidade para desenvolver armas nucleares. O Irão afirma que o seu programa nuclear se destina apenas a fins pacíficos.
O presidente cessante Joe Biden tentou reavivar o acordo nuclear com o Irão em negociações, mas não conseguiu chegar a um novo acordo. Trump não deixou claro se poderia reabrir a questão.
O primeiro mandato de Donald Trump foi também marcado pela sua decisão, em janeiro de 2020, de mandar matar a tiro no Iraque o poderoso general iraniano Qassem Soleimani, o arquiteto da estratégia de influência regional do Irão.
Nessa altura, Washington e Teerão pareciam estar à beira de um confronto militar direto.
Relações tensas nas últimas décadas O Irão e os Estados Unidos, outrora aliados próximos, têm estado em desacordo desde a Revolução Islâmica de 1979, que derrubou a dinastia Pahlavi, apoiada por Washington.Nessa altura, Washington e Teerão pareciam estar à beira de um confronto militar direto.
Os dois países romperam relações diplomáticas em 1980, na sequência de um assalto, alguns meses antes, à embaixada dos Estados Unidos em Teerão, acusada de ser um “ninho de espiões”.
As relações entre o Irão e os Estados Unidos atravessam o pior momento desde o início da guerra entre Israel, que tem Washington como principal aliado, e os movimentos islamitas Hamas e o Hezbollah, apoiados por Teerão.
“EUA são o grande Satã”Esta quinta-feira, os meios de comunicação social iranianos centraram-se fortemente nos resultados das eleições presidenciais americanas.
“Os Estados Unidos são o grande Satã, seja qual for o presidente”, escreveu o jornal Kayhan.
“A política dos Estados Unidos não mudou em nada durante os quatro anos” da administração Biden, defende o diário ultraconservador.
O jornal Iran, uma publicação governamental, salienta que “a economia iraniana foi afetada pelas pressões”. “Mas a situação é agora diferente e Trump já não poderá isolar o Irão e prejudicar a sua economia”.
Já o diário reformista Ham Mihan critica as “declarações diplomáticas” no Irão, segundo as quais Donald Trump ou Kamala Harris na Casa Branca “não nos fazem diferença”.
Uma posição que foi repetida vezes sem conta nas últimas semanas por responsáveis iranianos.
c/agências