O Presidente do Irão, Hassan Rohani, garantiu hoje que o futuro do acordo nuclear está nas mãos da nova administração norte-americana, liderada por Joe Biden, e comemorou o fim do mandato do "tirano" Donald Trump.
"A bola está agora do lado dos Estados Unidos. Se cumprirem os seus compromissos (relativos ao acordo nuclear), também cumpriremos", sublinhou Rohani, pedindo a Biden que volte à "legalidade".
O Presidente iraniano afirmou ainda que "Trump está morto e que sua vida política terminou, mas o acordo nuclear sobreviveu".
O acordo nuclear, assinado em 2015 entre o Irão e seis grandes potências - EUA, China, Rússia, Alemanha, França e Reino Unido (5 + 1) - para limitar o programa nuclear iraniano em troca do levantamento de algumas das sanções internacionais, foi abandonado unilateralmente pelos Estados Unidos em 2018.
Em resposta à decisão norte-americana e ao fracasso dos outros signatários em se oporem a sanções unilaterais dos Estados Unidos, o Irão foi gradualmente deixando de cumprir o acordo, incluindo o limite que tinha ao enriquecimento de urânio.
No seu discurso de hoje, Rohani defendeu que "cabe agora aos 5+1 cumprirem as suas obrigações".
Rohani também expressou a sua alegria pelo fim do mandato de Donald Trump, que é hoje substituído na Casa Branca por Joe Biden.
"Hoje encerra-se para sempre o negro serviço de Trump, um exemplo da queda dos opressores", sublinhou Rohani, descrevendo as políticas internas e externas adotadas pelo Presidente cessante dos Estados Unidos como "inadequadas e autoritárias" e o próprio Donald Trump como um "tirano estúpido e terrorista".
Segundo o Presidente iraniano, "o legado de Trump ao seu país foi a criação de uma sociedade bipolar" o que levou "Washington a tornar-se num quartel-general militar" para a posse de Biden.
Desde que os resultados das eleições presidenciais dos Estados Unidos foram divulgados, o Irão tem instado Biden a regressar aos seus compromissos relativo ao acordo nuclear, algo que o futuro Presidente dos Estados Unidos já indicou que pretende fazer, embora com novas condições.
A tensão entre os dois países aumentou ainda mais desde o assassinato do comandante dos Guardiões da Revolução Iraniana, Qasem Soleimani, pelos Estados Unidos, em janeiro de 2020, no aeroporto internacional de Bagdad.