Irão compromete regresso à diplomacia ao violar acordo nuclear advertiram Paris, Londres e Berlim
A França, a Alemanha e o Reino Unido advertiram hoje o Irão de que "compromete" o regresso a negociações para salvar o acordo sobre o seu programa nuclear ao desrespeitar repetidamente o pacto com as grandes potências.
"Ao acelerar as suas violações, o Irão compromete a possibilidade de que um regresso à diplomacia permita a plena e completa realização dos objetivos do JCPOA (Plano de Ação Conjunto Global)", como é designado o acordo, indicaram os porta-vozes dos três Ministérios dos Negócios Estrangeiros num comunicado comum.
O JCPOA foi assinado em Viena em 2015 entre o Irão e o grupo dos 5+1, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China) mais a Alemanha.
"No acordo, o Irão comprometeu-se a não produzir urânio metálico e a não fazer investigação sobre a metalurgia do urânio durante 15 anos", lembram os três países europeus.
Na quarta-feira, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) anunciou que os seus inspetores confirmaram que o Irão começou a produção de urânio metálico, mais uma violação ao acordo nuclear de 2015.
Um ano depois de o ex-presidente norte-americano Donald Trump ter retirado os Estados Unidos do acordo nuclear e ter restabelecido duras sanções à República Islâmica, Teerão começou gradualmente a deixar de cumprir os seus compromissos no pacto.
Segundo a AIEA, foi produzida numa instalação iraniana em Isfahan (no centro do país) uma pequena quantidade (3,6 gramas) de urânio metálico, que pode ser utilizado no fabrico de uma bomba nuclear e cuja produção é proibida pelo JCPOA.
Teerão tem usado as violações do acordo para pressionar os outros signatários a tentarem compensar o Irão pelos prejuízos que as sanções norte-americanas têm imposto à sua economia.
Em janeiro, quando o Irão anunciou os planos para produzir urânio metálico, os Ministérios dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, França e Reino Unido emitiram um comunicado conjunto mostrando-se "profundamente preocupados".
"O Irão não tem um uso civil confiável para o urânio metálico. A produção de urânio metálico tem implicações militares potencialmente graves", acrescentaram os três países, que instaram também Teerão a interromper a atividade.
A Rússia também já pediu moderação aos iranianos após o anúncio da AIEA.
A mudança da administração norte-americana em janeiro deu esperança de um regresso ao diálogo, mas o presidente Joe Biden disse que não dará o primeiro passo para suspender as sanções, exigência de Teerão para voltar a respeitar os seus compromissos no pacto.