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Irão ataca "grupos terroristas" no Paquistão. Islamabad denuncia ação "inaceitável"

por Inês Moreira Santos - RTP
Sistema de mísseis fotografado em Konarak, no sul do Irão Gailan Haji - EPA

As tensões no Médio Oriente continuam a aumentar. Teerão atacou com mísseis e drones território paquistanês, alegadamente contra o que descreveu como "grupos terroristas anti-iranianos". O Governo do Paquistão acusa o Irão de ter matado duas "crianças inocentes" no ataque aéreo perto da fronteira de ambos os países, classificando-o como "totalmente inaceitável" e injustificado.

O Ministério paquistanês dos Negócios Estrangeiros confirmou o ataque contra bases alegadamente jihadistas, na quarta-feira, acusando o Irão de “violação da soberania do Paquistão”.

“É completamente inaceitável e pode ter consequências graves”
, lê-se na nota do Governo de Islamabad.

As autoridades paquistanesas acusam ainda Teerão de ter matado duas crianças e ferido outras três no ataque aéreo “ilegal”, convocando o embaixador iraniano no Paquistão a para justificar a “violação não provocada do seu espaço aéreo”.

“O que é ainda mais preocupante é que este ato ilegal ocorreu apesar da existência de vários canais de comunicação entre o Paquistão e o Irão”
, afirmou ainda a diplomacia paquistanesa.

“O Paquistão sempre defendeu que o terrorismo é uma ameaça comum a todos os países da região e requer uma ação coordenada”, acrescenta a declaração. “Tais atos unilaterais não estão em consonância com as boas relações de vizinhança e podem minar gravemente a confiança bilateral”.

As autoridades iranianas não reivindicaram imediatamente o ataque, mas de acordo com a agência estatal iraniana Nour News, a sede no Paquistão do grupo jihadista Jaish al-Adl (que significa Exército de Justiça, na tradução do árabe) foi destruída.

“Dois importantes quartéis-generais do grupo terrorista Jaish-al-Adl foram alvo de ataque no Paquistão”, é divulgado nas redes sociais. “Estas sedes foram destruídas por mísseis e drones”.


A organização que foi fundada em 2012 é considerada um grupo terrorista por Teerão e atacou várias vezes solo iraniano nos últimos anos, principalmente na região pobre do Sistão-Baluchistão.

A região paquistanesa junto da fronteira, onde vive a maioria da minoria étnica Baluchi que aderiu ao Islão sunita em vez do ramo xiita predominante no Irão, é palco de frequentes confrontos entre as forças de segurança e os rebeldes dessa minoria, de grupos radicais sunitas e traficantes de droga.

Este ataque acontece depois de, na noite de segunda-feira, o Irão ter disparado mísseis contra o Iraque e o norte da Síria, visando o grupo Estado Islâmico. Entre os alvos, a Guarda Revolucionária iraniana reivindicou um ataque à suposta sede da Mossad, a agência de informações israelita, na região curda do Iraque.

Embora estes ataques iranianos não aparentem estar relacionados diretamente com a guerra israelo-palestiniana, acontecem numa altura em que a instabilidade se está a espalhar por toda a região do Médio Oriente.
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