Irão aponta o dedo a “provocações genocidas” de Trump e pede respeito

por RTP
No domingo, Trump tinha alertado que “se o Irão quiser lutar, esse será o fim oficial” desse país Carlo Allegri - Reuters

O ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros acusou esta segunda-feira Donald Trump de fazer “provocações genocidas” depois de este ter alertado, através do Twitter, que o país do Médio Oriente poderia “chegar ao fim” caso entrasse em guerra com os Estados Unidos. A tensão entre os dois países tem escalado nas últimas semanas.

“Donald Trump espera alcançar o que Alexandre, Genghis e outros agressores não conseguiram”, lançou Javad Zarif num tweet.


“Os iranianos têm-se mantido de pé durante milénios enquanto os agressores foram desaparecendo. O terrorismo económico e as provocações genocidas não irão ‘acabar com o Irão’. Nunca ameacem um iraniano. Tentem o respeito – funciona!”, acrescentou.

No domingo, o presidente norte-americano tinha, através da mesma rede social, alertado que “se o Irão quiser lutar, esse será o fim oficial” desse país. “Nunca mais voltem a ameaçar os Estados Unidos!”, comandou.


O tweet foi publicado horas depois de um foguete ter caído perto da embaixada dos Estados Unidos em Bagdade, a capital iraquiana. De acordo com um porta-voz das forças militares do Iraque, o foguete terá sido lançado a partir de uma área ocupada por milícias xiitas apoiadas pelo Irão.
Escalada de tensão
As declarações de Trump chegam num período de tensão entre os dois países que atingiu o seu pico no início de maio, quando a Casa Branca anunciou que um porta-aviões e bombardeiros tinham sido destacados para o Médio Oriente de modo a “passar uma mensagem” ao Irão.

John Bolton, conselheiro para a Segurança Nacional dos Estados Unidos, declarou na altura que a Administração Trump agiu “em resposta a uma série de indicações e avisos preocupantes”.

Poucos dias depois, a Arábia Saudita acusou o Irão de ter sabotado dois petroleiros sauditas, sendo que um destes se preparava para transportar petróleo a clientes norte-americanos. Os EUA tinham já alertado que o Irão poderia ter como alvo navios comerciais e infraestruturas petrolíferas na região.

A tensão entre as duas potências começou no ano passado, quando Donald Trump se retirou unilateralmente do acordo nuclear negociado em 2015 com o Irão e outros países.

A 8 de maio foi a vez de o Irão anunciar a retirada parcial desse acordo, com o presidente do país, Hassan Rouhani, a ameaçar retomar o enriquecimento de urânio caso os restantes signatários do acordo nuclear de 2015 não cumprissem, dentro de 60 dias, a promessa de proteger os setores petrolífero e bancário do país do Médio Oriente.
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