Irão ameaça retaliar contra Israel após mortes de efetivos da Guarda Revolucionária na Síria
Teerão veio este sábado acusar Israel da autoria do bombardeamento que causou as mortes de cinco operacionais da Guarda Revolucionária iraniana em Damasco, na Síria, ameaçando retaliar "no momento e no local apropriados".
O regime dos ayatollahs começou por condenar "veementemente", pela voz de Nasser Kanani, porta-voz do Ministério iraniano dos Negócios Estrangeiros, "o ato criminoso do regime sionista", descrevendo-o como "tentativa desesperada de espalhar a instabilidade e a insegurança na região".
"Além da prossecução política, jurídica e internacional destas ações agressivas e criminosas, a República Islâmica do Irão reserva-se o direito de responder ao terrorismo organizado do falso regime sionista no momento e no local apropriados", acrescentou o porta-voz.
O bombardeamento aéreo atribuído às Forças de Defesa de Israel visou um edifício do bairro de Mazzeh, na capital da Síria, e provocou pelo menos dez mortos. Entre as vítimas estão cinco efetivos dos Guardas da Revolução iraniana, que estariam a operar como conselheiros militares em solo sírio.Entretanto, os órgãos iranianos de comunicação social identificaram um destes homens como "o general Sadegh Omidzadeh, responsável na Síria dos serviços de informações da Força Qods", unidade especial do Corpo de Guardas da Revolução para operações externas.
Para o Governo iraniano, a "violação frequente da soberania e da integridade territorial da Síria e a escalada dos ataques agressivos e de provocação contra vários alvos" demonstram a "impotência e o desespero" das autoridades de Israel "no campo de batalha contra as forças de resistência em Gaza e na Cisjordânia nos últimos 100 dias".
Adiante, o presidente do Irão, Ebrahim Raisi, quis também afiançar que o ataque em Damasco não vai ficar "sem resposta".
Na passada terça-feira, os Guardas da Revolução do Irão haviam confirmado o lançamento de mísseis balísticos sobre Erbil, no Curdistão iraquiano, contra "um quartel-general de espionagem" alegadamente pertencente a Israel. Morreram então pelo menos quatro pessoas.
Risco de propagação
Desde o início da contraofensiva israelita na Faixa de Gaza, após o ataque desencadeado a 7 de outubro pelo movimento radical Hamas, morreram mais de 24.900 pessoas naquele território palestiniano, segundo o último balanço do Ministério da Saúde local.
O reacender do conflito israelo-palestiniano tem provocado ondas de choque que extravasam as fronteiras de Gaza, da Cisjordânia e do Estado hebraico. Além dos territórios palestinianos, a máquina de guerra israelita continua envolvida em trocas de disparos com o movimento xiita Hezbollah, no sul do Líbano. E grupos apoiados pelo Irão no Iraque e na Síria têm visado forças dos Estados Unidos.
Norte-americanos e britânicos, por seu turno, têm multiplicado os bombardeamentos sobre os rebeldes Houthis do Iémen, igualmente secundados por Teerão, que vêm lançando repetidos ataques a navios no Mar Vermelho.
Os receios de uma expansão da guerra acentuaram-se na última semana com um ataque do Irão contra “um grupo terrorista iraniano” em território paquistanês, ao qual se seguiu uma retaliação de Islamabad contra “esconderijos terroristas”.
Iranianos e paquistaneses chegaram a retirar os embaixadores das respetivas capitais, mas acabaram por repor as relações diplomáticas após conversações.
c/ agências