Dois petroleiros sauditas sofreram danos naquele que poderá ter sido um ataque de sabotagem na costa dos Emirados Árabes Unidos. A informação foi avançada esta segunda-feira pelo ministro da Energia da Arábia Saudita, poucos dias depois de os Estados Unidos terem alertado que o Irão poderia ter como alvo navios comerciais e infraestruturas petrolíferas na região.
Khalid al-Falih considerou o ataque como “uma tentativa de enfraquecer a liberdade da navegação marítima e a segurança do fornecimento de petróleo aos consumidores de todo o mundo”.
Um dos dois navios sauditas atacados estava a preparar-se para ser
abastecido no porto da cidade de Ras Tanura, na Arábida Saudita, com
petróleo que seria depois entregue a clientes nos Estados Unidos.
Irão lamenta incidentesNo domingo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita afirmou que quatro navios comerciais sauditas estavam a ser alvo de futuras “operações de sabotagem” na costa leste do país, mas não forneceu mais detalhes sobre o possível ataque ou sobre os seus responsáveis.
Depois de a alegada sabotagem ter acontecido, o Ministério assegurou que as autoridades já se encontram a trabalhar com entidades locais e internacionais para investigar o incidente, descrito como “um desenvolvimento perigoso”.
“A comunidade internacional tem de assumir as suas responsabilidades para impedir quem quer que tente prejudicar a segurança e a proteção do tráfego marítimo”, apelou o Ministério.
O Irão já reagiu aos acontecimentos, com o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do país a lamentar os “alarmantes e lamentáveis” incidentes e a pedir mais informações sobre a alegada sabotagem.
O porta-voz alertou ainda para “enredos criados por pessoas mal-intencionadas para perturbar a segurança nacional” e pediu uma maior “vigilância dos Estados [dos Emirados Árabes Unidos] face a qualquer ação por elementos estrangeiros”.
Tensão Irão-EUA
Na quinta-feira, a Administração Marítima norte-americana tinha alertado para a possibilidade de “o Irão ou os seus representantes” terem como alvo “navios comerciais, incluindo petroleiros, ou navios militares no Mar Vermelho, no Estreito de Bab-el-Mandeb ou no Golfo Pérsico”.
As relações entre o Irão e os Estados Unidos têm-se deteriorado desde
que, há um ano, Donald Tump decidiu a retirada unilateral do acordo
nuclear de 2015.
No início deste mês, a Administração Trump destacou um porta-aviões e bombardeiros para o Médio Oriente de modo a “passar uma mensagem” ao Irão e impedir eventuais ataques por parte do país contra as forças norte-americanas na região.
Na passada quarta-feira, o Irão anunciou a retirada parcial do acordo nuclear que os EUA tinham já abandonado e o Presidente iraniano, Hassan Rouhani, ameaçou retomar o enriquecimento de urânio caso os cinco países signatários do acordo de 2015 - Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia – recusem cumprir com a promessa de proteger os setores petrolífero e bancário do país do Médio Oriente.