A Bulgária acusou o movimento islâmico xiita libanês Hezbollah de estar por trás do atentado que matou cinco turistas israelitas em julho de 2012. Ao anunciar as conclusões da investigação realizada pelos serviços búlgaros, o ministro do Interior revelou que o ataque que destruiu um autocarro no aeroporto da cidade de Burgas, no Mar Negro, envolveu três pessoas. Um dos autores do atentado entrou na Bulgária com passaporte australiano e outro com passaporte canadiano.
Os três autores do atentado tinham ainda cartas de condução falsas, alegadamente norte-americanas mas impressas no Líbano, disse Tsvetanov.
"Provámos que os dois eram militantes do Hezbollah", afirmou o ministro búlgaro. "Existem dados que mostram o financiamento e a ligação entre o Hezbollah e os dois suspeitos" acrescentou Tsvetanov.
"O que pode ser considerado uma conclusão bem fundamentada é que as duas pessoas, cuja verdadeira identidade foi determinada, pertenciam à ala armada do Hezbollah", precisou.
Ninguém foi detido até agora e Tsvetanov disse esperar que a Austrália, o Canadá e o Líbano cooperem com a próxima investigação.
Colaboração libanesa
Reagindo às conclusões búlgaras, o primeiro ministro libanês Najib Mikati anunciou já que o seu país vai colaborar com Sofia "para esclarecer" as circunstâncias do sucedido em 18 de julho de 2012.
"O Líbano, seguro que as autoridades competentes na Bulgária vão proceder a uma avaliação séria dos resultados da investigação, afirma a sua disposição para cooperar como o Estado búlgaro para elucidar as circunstâncias do atentado", afirmou Mikati em comunicado.
O Hezbollah não assumiu a autoria do atentado que matou cinco turistas israelitas, o motorista do autocarro e o autor do atentado, realizado através de uma bomba acionada por controlo remoto.
Israel apontou na altura o dedo não só ao grupo libanês, mas também ao Irão, a quem acusa de financiar as operações da guerrilha. Teerão nega e remete a autoria do atentado para operacionais israelitas cujo fim seria desacreditar o movimento libanês.
Lista negra
As conclusões da investigação podem levar a União Europeia a incluir o Hezbollah na lista das organizações terroristas, à semelhança do que já fazem os Estados Unidos e a Holanda.
Washington apelou a UE a agir perante a ameaça do grupo armado libanês. John Brennan, conselheiro especial do Presidente Barack Obama e provável futuro chefe da CIA, pediu em comunicado aos países europeus e à comunidade internacional para adotarem "medidas preventivas" para revelarem as infraestruturas do Hezbollah assim como as suas bases operacionais e financeiras.
"A investigação búlgara revela aquilo que é o Hezbollah, um grupo terrorista que está disposto atacar, sem problemas, homens, mulheres e crianças inocentes e que é uma ameaça real e crescente não só na Europa mas no resto do mundo", afirmou Brennan.