Investigação britânica defende. Cada cigarro fumado subtrai 20 minutos ao tempo de vida

por RTP
Mathew MacQuarrie - Unsplash

O mais recente estudo realizado sobre o tabagismo aponta que um maço de 20 cigarros retira, em média, sete horas à expectativa de vida desse fumador. A investigação acrescenta que fumar um único cigarro reduz a vida em 17 minutos entre os homens e 22 minutos em mulheres.

Uma equipa de cientistas da University College of London alerta que o tabaco reduz a expectativa de vida ainda mais do que os médicos pensavam.

“As pessoas geralmente sabem que fumar é prejudicial, mas tendem a subestimar o quanto”, sublinha Sarah Jackson, investigadores principal do estudo sobre álcool e tabaco da UCL. 

“Em média, os fumadores que não param perdem cerca de uma década de vida. São 10 anos de tempo precioso, momentos da vida e marcos com entes queridos”, adverte.
E se parar já a 1 janeiro de 2025
Um maço de 20 cigarros pode encurtar a vida de uma pessoa em quase sete horas.

E por isso esta análise faz as contas para tornar mais fácil a compreensão: se um fumador - que fume 10 cigarros por dia - parar a 1 de janeiro, pode evitar a perda de um dia inteiro de vida até 8 de janeiro. Essa pessoa pode até aumentar a expectativa de vida numa semana se deixar o tabaco até 5 de fevereiro e um mês inteiro se parar até 5 de agosto.

Até o final do ano, pode mesmo evitar perder 50 dias de vida.

“Algumas pessoas podem pensar que não se importam em perder alguns anos de vida, dado que a velhice é frequentemente marcada por doenças crônicas ou deficiência. Mas fumar não encurta o período não saudável no fim da vida”, explica Jackson citado na publicação britânica The Guardian

“O tabaco corrói principalmente os anos relativamente saudáveis na meia-idade, antecipando o início de problemas de saúde. Isso significa que um fumador de 60 anos, provavelmente, terá o perfil de saúde de um não fumador de 70 anos”, argumentam os investigadores.

Os autores do estudo insistem que quem fuma deve “parar completamente para obter todos os benefícios para a saúde e expectativa de vida” e alertam que fumar um único cigarro reduz a vida em 17 minutos entre os homens e 22 minutos em mulheres.
As muitas mortes
Esta análise foi encomendada pelo Departamento de Saúde britânico e baseia-se nos dados mais recentes do British Doctors Study , que começou em 1951 como um dos primeiros grandes estudos do mundo sobre os efeitos do tabagismo, e do Million Women Study , que monitoriza a saúde das mulheres desde 1996.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, em 2022, cerca de um em cada cinco adultos no mundo fumava ou consumia derivados do tabaco, comparativamente com um em cada três, em 2000.

O ato de fumar está associado a uma das principais causas de doenças e mortes no mundo e é apontado como responsável por vitimar dois terços de fumadores de longo prazo.

No Reino Unido, cerca de 80.000 mortes por ano estão associadas ao consumo de tabaco. E um quarto dessas mortes são de cancro.

Já em Portugal, os dados de 2019 mostraram que o consumo de tabaco provocou 13.847 mortes, dos quais 9.859 (71,2%) homens e 3.988 mulheres, representando 12,3% do total de mortes ocorridas em adultos portugueses com 35 ou mais anos.

Essa informação foi apresentada num estudo de 2023, desenvolvido por investigadores da Universidade de Santiago de Compostela, em Espanha, da Escola Nacional de Saúde Pública e da Universidade da Beira Interior.
Mais um lembrete

“Parar de fumar em qualquer idade é benéfico, mas quanto mais cedo os fumadores saírem dessa escada rolante da morte mais poderão esperar em termos de uma vida longa e saudável”, alega a equipa que assina o estudo.

Sanjay Agrawal, consultor especial sobre tabaco no Royal College of Physicians, deixa claro: “Cada cigarro fumado custa minutos preciosos de vida, e o impacto cumulativo é devastador, não apenas para os indivíduos, mas também para o nosso sistema de saúde e economia. Esta investigação é um lembrete poderoso da necessidade urgente de abordar o tabagismo como a principal causa evitável de morte e doença no Reino Unido”.
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