Internados em hospital de Gaza "em risco de morte" por falta de comida e água

por Joana Raposo Santos - RTP
No total, o número de mortes em ataques israelitas em Gaza desde o início da guerra já superou 44 mil. Foto: Dawoud Abu Alkas - Reuters

Dezenas de feridos internados no Hospital Indonésio, no norte de Gaza, estão em risco de perder a vida devido à falta de comida e água, alertaram as autoridades palestinianas na terça-feira. Segundo o Ministério da Saúde do enclave, há 60 pessoas "em risco de morte" por fome e desidratação.

“A situação humanitária dentro do hospital tornou-se extremamente perigosa. Os feridos não veem respondidas as suas necessidades básicas, o que aumenta o seu sofrimento sob as difíceis condições impostas pelas forças israelitas”, declarou o ministério em comunicado.

O hospital em questão, localizado na cidade de Beit Lahiya, no norte da Faixa de Gaza, tem estado sob maior controlo militar por Israel deste outubro passado.

Na terça-feira, o Ministério da Saúde adiantou ainda que pelo menos 28 pessoas morreram e 54 ficaram feridas em “quatro massacres contra famílias” nas 24 horas anteriores.

“Um número de vítimas continua debaixo dos destroços e nas estradas, e as ambulâncias e equipas de defesa civil não conseguem alcançá-los”, acrescentou.No total, o número de mortes em ataques israelitas em Gaza desde o início da guerra, em outubro do ano passado, já superou 44 mil.

Já o porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmoud Bassal, avançou esta quarta-feira que pelo menos 22 pessoas, incluindo mulheres e crianças, foram mortas num ataque israelita durante a noite no norte da Faixa de Gaza.

"Há 22 mártires do massacre cometido pelo exército de ocupação após o bombardeamento de uma casa pertencente à família Abu al-Tarabich, perto do hospital Kamal Adwan, no norte de Gaza", disse esse responsável à agência France Press.
Situação "muito, muito sombria"
Na terça-feira, Sigrid Kaag, coordenadora humanitária das Nações Unidas para Gaza, informou os membros do Conselho de Segurança da ONU, numa reunião à porta fechada em Nova Iorque, que a situação no enclave “é muito, muito sombria”.

"Falei das condições desumanas nas quais os nossos concidadãos civis estão a tentar sobreviver, desde jovens a idosos", disse aos jornalistas no final do encontro.

Questionada sobre se a queda do regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, poderia ofuscar a guerra de Israel em Gaza, Kaag disse estar a trabalhar para manter a situação no território palestiniano presente nas discussões.

Kaag debateu ainda com os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas a "esperança num cessar-fogo e na libertação incondicional dos reféns [israelitas], o que permitiria, obviamente, um novo aumento da assistência".

Em Israel, os ministros do Conselho de Segurança Nacional foram informados de que o Hamas manifestou interesse em chegar a um cessar-fogo e a um acordo sobre os reféns, noticiou a imprensa israelita.

O Canal 13 avançou ainda que o Catar tem “desempenhado um papel significativo nas negociações para esse acordo”, depois de ter dito que iria suspender o seu papel de mediador.

As expectativas de tréguas surgem numa altura em que o Exército israelita anunciou 480 ataques contra a Síria nas 48 horas que se seguiram à queda do regime da família al-Assad, devido à intervenção dos rebeldes sírios.

c/ agências
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