Um estudo da Universidade de Lübeck, na Alemanha, conclui que a utilização de inteligência artificial (IA) na análise de mamografias para rastreio do cancro da mama aumenta a "taxa de deteção sem ter uma taxa mais alta de falsos positivos". Declarações de um coautor do estudo que explica o que distingue esta investigação de outros estudos. A ferramenta de IA foi aplicada em tempo real e envolvendo um grupo mais alargado, em vez de utilizada a posteriori como até agora.
Os investigadores da Universidade de Lübeck testaram, pela primeira vez, a IA num programa de rastreio nacional. Foram analisados dados de 461.818 mulheres na Alemanha que foram submetidas ao rastreio do cancro da mama entre julho de 2021 e fevereiro de 2023.O rastreio decorreu no âmbito de um programa nacional dirigido a mulheres assintomáticas com idades entre os 50 e os 69 anos.
De acordo com o estudo publicado em The journal Nature Medicine, 2.881 mulheres foram diagnosticadas com cancro da mama, no total. Dois radiologistas analisaram os exames de todas as mulheres. No entanto, para um grupo de 260.739 mulheres um dos especialistas utilizou uma ferramenta de inteligência artificial.
A conclusão a que os investigadores chegaram é que a inteligência artificial detetou um caso adicional de cancro por cada mil mulheres examinadas.
O processo
A ferramenta de IA, para além de rotular os exames que considera insuspeitos como “normais”, também emite um alerta da “rede de segurança” quando deteta um exame suspeito que foi considerado insuspeito pelo radiologista. Neste caso, é destacada a área que merece um exame minucioso.
A taxa de deteção foi 6,7 por cento maior no grupo com a IA. No entanto, depois de ter em conta fatores como a idade das mulheres e dos radiologistas envolvidos, os investigadores descobriram que a diferença na taxa de deteção aumentou para 17,6 por cento para o grupo IA.
Por outras palavras, com a aplicação da IA foi detetado mais um caso de cancro da mama por cada mil mulheres examinadas.
O alerta da “rede de segurança” foi acionado 3.959 vezes no grupo de IA e deu origem a 204 diagnósticos de cancro de mama. Por outro lado, a inteligência artificial falhou em 20 diagnósticos por não ter identificado o cancro da mama.
Os riscos apontados
Perante os resultados deste estudo, surgem alertas como o de uma especialista da Universidade de Lund, na Suécia, que defende que “o acompanhamento a longo prazo é essencial para compreender completamente as implicações clínicas da integração da IA no rastreio” com mamografias.
“Os resultados são encorajadores, mas é essencial garantir que implementamos um método capaz de detetar cancros clinicamente relevantes numa fase inicial, em que a deteção precoce pode melhorar significativamente" a luta contra a doença, sublinha Kristina Lång.
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