Grupos insurgentes que protagonizam ataques armados no norte de Moçambique assassinaram um fiscal da Reserva Especial do Niassa, durante um ataque àquela província na tarde de quarta-feira, anunciou fonte oficial.
Os insurgentes "assassinaram um fiscal da Reserva Especial do Niassa", num ataque que ocorreu no povoado de Naulala, distrito de Mecula, disse Dinis Vilanculo, secretário de Estado em Niassa, citado hoje pela Televisão de Moçambique.
"[Eles] `recrutaram` também uma parte da população e fugiram para parte incerta", acrescentou o secretário de Estado.
Segundo Dinis Vilanculo, os ataques de insurgentes à província de Niassa, que faz fronteira com Cabo Delgado, no norte do país, fizeram cerca de 3.000 deslocados e que estão alojados na vila sede de Mecula, distrito onde têm sido reportados ataques.
"Eles viram as suas casas e aldeias a serem incendiadas", referiu, apelando para que se aumente a vigilância e a "ligação polícia-comunidade".
O ministro da Defesa de Moçambique, Cristóvão Chume, admitiu na segunda-feira a existência de "sinais evidentes da presença de terroristas" na província de Niassa, referindo, entretanto, que se está em perseguição dos grupos.
"A situação no Niassa apresenta-se como preocupante", declarou, na altura, o ministro da Defesa, acrescentando que se esperam "sinais positivos nos próximos dias" com a atuação dos militares naquela província.
No dia 16, durante a informação sobre o estado da Nação, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, apelou ao país para não entrar em "pânico" face a "focos de expansão" da ação de grupos armados que fogem da ofensiva militar em Cabo Delgado.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas tem sido aterrorizada desde outubro de 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo `jihadista` Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.
Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda, a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.