"Infundadas" e "enganosas". Twitter lança alerta sobre afirmações de Trump

por Joana Raposo Santos - RTP
Donald Trump acusou o Twitter de estar a interferir nas eleições presidenciais de 2020. Foto: Jonathan Ernst - Reuters

Pela primeira vez, uma publicação de Donald Trump no Twitter mereceu uma etiqueta de "verificação de factos" por parte dessa rede social, que considerou "infundadas" e "potencialmente enganosas" as afirmações do Presidente norte-americano sobre boletins de voto postais. Em resposta, Trump acusou o Twitter de interferir nas eleições presidenciais deste ano.

Na terça-feira, um tweet de Trump chamou a atenção para o alegado risco de utilização de boletins de voto postais, que são distribuídos e devolvidos por correio e que poderão ser utilizados nas próximas eleições para evitar a deslocação física das pessoas e a propagação do novo coronavírus no país, que é atualmente o mais afetado do mundo pela pandemia.

“Não há QUALQUER HIPÓTESE (ZERO!) de que os boletins postais sejam menos do que substancialmente fraudulentos”, começou por escrever o Presidente. “As caixas de correio vão ser assaltadas, os boletins vão ser forjados e até imprimidos ilegalmente e preenchidos fraudulentamente”.

“O governador da Califórnia está a enviar boletins postais para milhões de pessoas, todas as pessoas que vivem nesse Estado, independentemente de quem são ou de como lá chegaram. Isso vai levar a que profissionais digam a todas essas pessoas, muitas das quais nunca votaram antes, como e em quem devem votar. Vão ser eleições fraudulentas. Nem pensar!”, concluiu Trump.

Em resposta, o Twitter colocou no rodapé da publicação um símbolo de alerta para a verificação de factos acompanhado da frase “Conheça os factos acerca dos boletins de voto”. Clicando nessa frase, os utilizadores são remetidos para uma página com notícias e resumos sobre o tema que explicam, ponto por ponto, por que razão as afirmações de Trump são “infundadas” e “falsas”.


Pouco depois de a etiqueta de verificação de factos ter sido aplicada, Donald Trump acusou o Twitter de “interferir nas eleições presidenciais de 2020”.

“Estão a dizer que a minha afirmação sobre os boletins postais, que vão levar a fraude e corrupção massivas, está incorreta, com base na verificação de factos vinda de notícias falsas da CNN e do Washington Post. O Twitter está a sufocar completamente A LIBERDADE DE EXPRESSÃO, e eu, como Presidente, não vou permitir que isso aconteça”, escreveu na mesma rede social.
“Informações potencialmente enganosas”
O Twitter já justificou a sinalização, afirmando que a mesma teve como objetivo fornecer “contexto” às declarações do Presidente. Sublinhou, porém, que os tweets não violaram as regras da empresa pois não desencorajam diretamente as pessoas de votar.

“Esses tweets contêm informações potencialmente enganosas sobre o processo de voto e foram etiquetadas de modo a que seja fornecido contexto adicional sobre os boletins postais”, explicou uma porta-voz do Twitter à CNN. “A decisão está em linha com a abordagem que iniciámos no início deste mês” numa iniciativa de combate à desinformação, acrescentou.

Vários Estados norte-americanos têm sido pressionados para utilizarem o sistema de boletins de voto postais depois de uma sondagem recente ter revelado que 66 por cento das pessoas não se sentem confortáveis a votar presencialmente devido à pandemia de Covid-19.

Todos os Estados possuem já algum método de votação à distância, mas os requisitos para que seja permitido a alguém votar dessa forma variam de local para local.

Enquanto alguns Estados conduzem as votações inteiramente via boletins postais, outros apenas fornecem esse tipo de boletim a quem o pedir. Mas, no geral, os Estados requerem que os eleitores tenham uma razão válida para não poderem votar presencialmente.
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