Pristina, 14 Fev (Lusa) - O Kosovo, ainda uma província do sul da Sérvia, de larga maioria albanesa e administrada pelas Nações Unidas, deverá muito brevemente proclamar unilateralmente a independência.
Gerido pelas Nações Unidas desde o final do conflito de 1998-1999 entre as forças sérvias e os independentistas albaneses, o Kosovo poderá, segundo as contas dos seus dirigentes, ter a apoiar a sua proclamação de independência, à partida, mais de cem países.
A Sérvia, contudo, com o apoio de Moscovo, considera a província o berço da sua cultura e da sua história, rejeitando a independência e aceitando apenas uma autonomia alargada.
SITUAÇÃO GEOGRÁFICA: 10.877 quilómetros quadrados. Fronteiras a sudoeste com a Albânia, a sueste com a Macedónia e a oeste com o Montenegro.
POPULAÇÃO: Perto de dois milhões de habitantes. Cerca de 90 por cento de albaneses, 90 por cento quais muçulmanos. Permaneceram no Kosovo cerca de 100.000 sérvios depois da guerra.
Depois de 1999, mais de 200.000 não albaneses fugiram ou foram forçados a sair do Kosovo.
PRINCIPAL CIDADE: Pristina.
LÍNGUAS OFICIAIS: Albanês, Sérvio (nos enclaves de maioria sérvia) e Inglês.
HISTÓRIA/SITUAÇÃO POLÍTICA: Sede do reino medieval sérvio, o Kosovo foi palco, em 1389, da derrota dos sérvios na batalha do Campo dos Melros, abrindo caminho à instalação da dominação otomana nos Balcãs, que se prolongou por cinco séculos.
Província autónoma no seio da República da Sérvia conforme a Constituição jugoslava de 1974 (com Tito), este estatuto foi suprimido em 1989 por Slobodan Milosevic, então presidente da Sérvia. As instituições políticas provinciais foram dissolvidas em 1990.
Em Outubro de 1991, o Kosovo proclamou, por referendo, a independência, e, em 1992, os kosovares albaneses elegeram um "Parlamento" e um "presidente da República".
A partir de 1997, o Exército de Libertação do Kosovo (UÇK) lançou uma campanha de guerrilha contra o exército e a polícia sérvios.
A "limpeza" étnica realizada pelo regime de Milosevic fez milhares de mortos e provocou o êxodo de mais de um milhão de kosovares albaneses.
Em Março de 1999, a NATO lançou bombardeamentos aéreos contra a Sérvia, forçando Milosevic a retirar do Kosovo. Belgrado perdeu então o controlo efectivo da província, colocada até hoje sob protecção conjunta da ONU (MINUK) e da NATO (KFOR, 17.000 militares).
Depois da prevista proclamação de independência, as Nações Unidas deverão ser substituídas por uma missão da UE, que deverá apoiar sobretudo a consolidação de uma administração civil kosovar independente.
PARLAMENTO: 120 deputados.
CHEFE DE ESTADO: Fatmir Sejdiu, eleito em Março de 2006.
PRIMEIRO-MINISTRO: Hashim Thaçi, eleito em Novembro de 2007.
ECONOMIA: Região mais pobre da ex-Jugoslávia. A União Europeia é o principal doador. Subsolo rico em minerais (chumbo, zinco, prata, crómio, ferro, níquel) e em energia fóssil. Proliferação de uma economia paralela, baseada em grupos internacionais de crime organizado.