Pequim, 24 fev (Lusa) - Os meios de comunicação oficiais da China, submetidos ao controlo do Partido Comunista, têm camuflado o assassínio de Kim Jong-nam, irmão do líder da Coreia do Norte, em linha com a imprensa do regime de Pyongyang.
A agência oficial Xinhua noticiou o assassinato de Kim Jong-nam, mas referindo-se a este apenas como um "cidadão da República Popular Democrática da Coreia", o nome oficial do país.
Nas peças difundidas pela agência, que tem um estatuto equiparado a um ministério e o presidente é normalmente membro do Comité Central do Partido Comunista Chinês, não é referido o parentesco entre Kim Jong-nam e o líder norte-coreano Kim Jong-un.
A televisão estatal CCTV e os jornais oficiais Global Times e o Diário do Povo adotam a mesma postura, apesar de nas redes sociais ocidentais, que estão censuradas na China, preferirem outra linha editorial.
No Twitter, por exemplo, tanto o Diário do Povo como a CCTV publicam títulos em inglês que se referem diretamente a Kim Jong-nam, enquanto na rede social chinesa Weibo, falam apenas de um "cidadão norte-coreano".
A China é o aliado mais importante da Coreia do Norte e, até há pouco tempo, as relações entre Pequim e Pyongyang eram descritas como sendo de "unha com carne".
A insistência de Pyongyang num programa nuclear levou, porém, Pequim a alinhar com a Coreia do Sul, Japão, Estados Unidos da América e Rússia, condenando os testes com explosões atómicas do país vizinho.
Esta semana, a China decidiu suspender as importações de carvão a partir do país, em linha com as sanções adotadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Numa atitude rara, Pyongyang criticou na quinta-feira a China, de forma indireta, classificando a sua decisão como "desumana" e dirigida por "forças inimigas".