Pouco depois de a Câmara dos Representantes ter endossado, na última noite, o processo de destituição de Donald Trump ao Senado, o Presidente dos Estados Unidos aproveitou um comício no Michigan para acusar o que disse ser “a esquerda radical” de “inveja, ódio e raiva”. E de pretender “cancelar os votos de dezenas de milhões de americanos”.
Trump não hesitou em acusar os legisladores democratas da Câmara dos Representantes, onde detêm a maioria, de procurarem “cancelar os votos de dezenas de milhões de americanos”.
Fátima Marques Faria, Rui Magalhães - RTP
O dossier de acusação abarca dois ilícitos imputados a Trump - abuso de poder e obstrução ao Congresso. É no Senado que este processo, de maioria republicana, que este processo vai ser julgado.
Além de Donald Trump, só outros dois presidentes passaram à segunda fase de um impeachment: Andrew Johnson, em 1868, e Bill Clinton, em 1998. Ambos absolvidos no Senado.
“Os atos irresponsáveis do Presidente tornaram necessário o impeachment. Ele não nos deixou outra escolha”, vincou a responsável.
Ucrânia, o ponto de partida
Na rede social Twitter, antes do comício no Michigan, Trump lançara-se já numa nova diatribe contra o flanco democrata do Capitólio.
SUCH ATROCIOUS LIES BY THE RADICAL LEFT, DO NOTHING DEMOCRATS. THIS IS AN ASSAULT ON AMERICA, AND AN ASSAULT ON THE REPUBLICAN PARTY!!!!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) December 18, 2019
“Que mentiras atrozes da esquerda radical, de democratas que nada fazem. Isto é um assalto à América e uma assalto ao Partido Republicano!!!!”, escrevera.
O inquérito tendo em vista a destituição do Presidente dos Estados Unidos teve início em outubro.
Foi então que se tornou do domínio público que Trump teria pressionado o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenski, a pôr em marcha uma investigação às atividades de uma empresa na qual trabalhou Hunter Biden, filho de Joe Biden, ex-vice-presidente na Administração Obama e atual candidato à nomeação democrata para a próxima eleição presidencial.
As provas que sustentam a decisão da Câmara dos Representantes foram recolhidas, num primeiro momento, pelo Comité de Informações e, posteriormente, pelo Comité Judiciário.
A forma como o julgamento vai decorrer já está a ser acertada por democratas e republicanos. À frente dos trabalhos deverá ficar o juiz John Roberts. Todavia, a decisão caberá aos senadores. O Presidente será representado por advogados.
Para que Trump seja destituído, impõe-se uma maioria de dois terços. Um quadro improvável, dada a ampla maioria republicana no Senado. De resto, o número um dos republicanos, Mitch McConnell, já veio vaticinar que que “não há hipótese” de a Câmara alta remover Donald Trump da Casa Branca.
c/ agências
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