Impasse em França. Emmanuel Macron rejeita nomear governo "unicamente" de esquerda
As eleições legislativas ocorreram há mês e meio, os Jogos Olímpicos já lá vão e a França continua com um Governo demissionário, chefiado por Gabriel Attal. Emmanuel Macron decidiu esta segunda-feira regressar às consultas em busca de solução abrangente, "em nome da estabilidade" e para "não enfraquecer" a França.
"Um tal Governo iria enfrentar imediatamente uma maioria de mais de 350 deputados contra si, impedindo-o de facto de agir", frisou o texto.
Castets foi contudo rejeitada pelos restantes grupos políticos, dando argumentos a Macron, após uma ronda de audiências entre os dias 23 e 26 de agosto, para insistir noutra solução.
O gabinete presidencial anunciou assim o início de uma nova ronda de audiências já a partir de terça-feira, 27 de agosto, "com os responsáveis dos partidos e personalidades que se tenham distinguido pela experiência ao serviço do Estado e da República".
O texto do Eliseu deixou também apelos à colaboração, após críticas veladas a comunistas, ecologistas e socialistas, por não terem apresentado até agora "caminhos para cooperar com outras forças políticas". "Cabe-lhes agora fazê-lo", aconselhou.
"O chefe de Estado apela o conjunto dos responsáveis políticos a responder à altura do momento dando provas de sentido de responsabilidade", frisou ainda o texto, antes de dar ´voz´a Macron.
"O presidente da República declara: "a minha responsabilidade é que o país não fique nem bloqueado nem enfraquecido. Os partidos políticos de governo não devem esquecer as circunstâncias excecionais da eleição dos seus deputados na segunda volta das legislativas. Este voto obriga-os", referiu em remate o comunicado do Eliseu.
Braço de ferro
Na mesma rede social, a secretária nacional dos ecologistas rejeitou os argumentos do chefe de Estado. "O comunicado de Emmanuel Macron é uma vergonha", denunciou Marine Tondelier
Caso o braço de ferro se mantenha, a solução para o impasse poderá passar pela nomeação de um Governo "técnico", de nomeação de ministros sem filiação partidária para gerir os assuntos correntes e implementar algumas reformas consensuais, com apoio dos diferentes blocos partidários na Assembleia, caso a caso. Um modelo seguido amiúde em Itália.
O procedimento deve contudo ser aprovada tanto pela Assembleia como pelo Senado, algo que se afigura improvável dada a constituição política atual das duas câmaras parlamentares em França.