Marcelo Rebelo de Sousa desvaloriza imagem usada em propaganda do Estado Islâmico

por Sandra Salvado - RTP
Visita do Presidente da República a Marrocos, no dia 27 de junho, onde foi recebido pelo Rei de Marrocos, Mohammed VI, no Palácio Real em Casablanca. Fotografia: Presidência da República Portuguesa

Uma fotografia do Presidente da República foi utilizada em propaganda do Estado Islâmico. Tirada em junho, a imagem mostra o Presidente a condecorar com a Grã Cruz da Ordem de Santiago o Rei de Marrocos, durante uma visita oficial ao país. No vídeo intitulado "Geração do Califado", Marcelo Rebelo de Sousa é chamado de "infiel” e o rei de Marrocos é considerado um "muçulmano sem vergonha". "Nada de novo", desvaloriza o Chefe de Estado português.

O Presidente disse que o vídeo "já apareceu há um mês e tal" e que "não há problema nenhum. Não é nada de novo que não se soubesse e, portanto, a segurança dos portugueses continua igualmente garantida", disse esta terça-feira Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas.

"Se digo que não há nada de novo em matéria de segurança, não há nenhuma medida a tomar", concluiu o Presidente da República.
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A peça de propaganda tem esta terça-feira destaque no Diário de Notícias e foi levada pelo comentador político Nuno Rogeiro a um seminário sobre “Estratégias de comunicação em contexto de terrorismo”, cujo painel contou com a presença de altos dirigentes das secretas portuguesas e estrangeiras.

Segundo Nuno Rogeiro, os movimentos jihadistas produzem "90 mil mensagens por dia", mostrando vários exemplos da utilização da internet, através das redes sociais e de sites.

Contacto pelo mesmo jornal, o gabinete da Presidência confirmou ter conhecimento do caso e garantiu que "as autoridades competentes tomaram conta do assunto", sem acrescentar mais comentários.
O alvo
O Díário de Notícias refere ainda que a situação foi avaliada pelos serviços de informações e foi concluído que o "alvo" dos terroristas não era o Presidente português, mas sim o rei de Marrocos.

Há cerca de um mês, o comentador político já tinha dado conta desta situação na sua página do Facebook, para dizer que o filme Geração do Califado “procura mostrar que a juventude do Daesh é bem formada, bem preparada em escolas e mesquitas e tem uma moral superior aos jovens de países árabes e islâmicos «corruptos»”.



E acrescenta: “Ao minuto 12 começa uma longa litania contra os dirigentes «pseudo-islâmicos» que se vergam ao Ocidente e são seus serventes. Ao minuto 13.37 surge o presidente Marcelo Rebelo de Sousa e o Rei de Marrocos. Uma lupa é colocada sobre o peito deste, para mostrar a Ordem de Santiago, a mais alta condecoração portuguesa, dada pelo PR ao soberano (…) Uma voz off refere que vários «líderes ditos muçulmanos não têm vergonha de mostrar prémios e condecorações dados por infieis, como mostra a imagem. E conclui que «o verdadeiro Islão não esquecerá estes actos”, escreveu Nuno Rogeiro.

Ainda de acordo com o que Nuno Rogeiro escreveu nas redes sociais, "o filme é originário de um estúdio do Dito Estado Dito Islâmico (DEDI)", localizado na zona síria de Deir Ez-Zour, onde se encontram alguns recursos petrolíferos do grupo terrorista.

“O controlo «ideológico» do seu conteúdo foi assegurado por uma «divisão» criada por um combatente de origem líbia, Abu-Naisa al Libi, cuja morte foi anunciada várias vezes”, concluiu o comentador político no Facebook.
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