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Imã de Ripoll teve ordem de expulsão de Espanha mas nunca saiu

por Sandra Salvado - RTP
Imagem de arquivo mostra operação de contraterrorismo concretizada em abril deste ano em Barcelona; foram então detidos oito suspeitos Albert Gea - Reuters

Abdelbaki Es Satty, o imã de Ripoll, suspeito de estar na origem da célula jihadista responsável pelos atentados na Catalunha, e que morreu na explosão de uma casa em Alcanar, na passada quarta-feira, teve ordem de expulsão de Espanha, mas nunca chegou a sair do país. A ordem foi dada quando o imã foi condenado a quatro anos de prisão por tráfico de droga e deveria ter sido executada quando saiu da prisão, em 2014. Contudo, os advogados recorreram da decisão, invocando os direitos de proteção internacional, e um dos juízes acabou por aceitar o argumento.

Esta ordem de expulsão deveria ter sido executada quando Abdelbaki Es Satty saiu da prisão, a 29 de abril de 2014, avança esta terça-feira o jornal espanhol El Mundo.

Contudo, os advogados do suposto cérebro dos ataques de Barcelona recorreram da decisão, invocando os direitos de proteção internacional do imã, e um dos juízes acabou por aceitar este argumento. Os advogados de Abdelbaki Es Satty chegaram mesmo a pedir asilo em Espanha para o imã, datado de 29 de novembro de 2014.

Como esta decisão, a ordem de expulsão nunca foi executada. O imã não só podia circular livremente por todo o país, como também pelos restantes países da União Europeia.

Abdelbaki Es Satty nasceu em Marrocos a 1 de janeiro de 1973, de acordo com os dados disponíveis pelas autoridades. De acordo com os arquivos policiais aos quais El Mundo teve acesso, o imã chegou a Espanha em 2002.


Na passada quarta-feira viria a morrer na explosão de uma casa em Alcanar. De acordo com Josep Lluis Trapero, chefe dos Mossos D'Esquadra, o imã foi identificado no âmbito das investigações que se centraram num núcleo de 12 suspeitos. Quatro estão detidos, dois morreram em Alcanar, cinco foram abatidos em Cambrils e o outro foi morto esta segunda-feira em Subirats. Além do imã, ainda falta identificar a outra pessoa que morreu na explosão de Alcanar.Investigação pode ser alargada
"Mas isto não quer dizer que a investigação não se possa alargar e que nas próximas semanas não possa haver novidades", adiantou o responsável da polícia em conferência de imprensa.

Esta segunda-feira as forças de segurança espanholas já haviam encontrado a carrinha do imã de Ripoll, Abdelbaki Es Satty, a 15 quilómetros de Alcanar.

A carrinha foi encontrada na localidade de Sant Carles de la Ràpita. A localização da carrinha tinha reforçado a tese de que o imã tinha sido uma das pessoas mortas na explosão na casa, que servia de base de operações da célula terrorista dos atentados na Catalunha.

A casa que explodiu serviria de base para operações da célula terrorista, que prepararia há cerca de seis meses um ou mais atentados na Catalunha. A polícia encontrou na vivenda em Alcanar, a cerca de 200 quilómetros de Barcelona, 120 botijas de gás.
Terroristas de Cambrils estiveram em Paris
Os homens implicados nos atentados da Catalunha "fizeram uma viagem extremamente rápida a Paris", antes dos ataques, disse esta terça-feira o ministro francês do Interior, Gerard Collomb, adiantando que o assunto está a ser investigado.


Em declarações à cadeia de rádio e televisão BFMTV sublinhou que os serviços secretos franceses não tinham "controlados" os membros da célula da Catalunha.

O carro utilizado durante o ataque, um Audi A3, foi “apanhado” pelos radares na capital francesa por excesso de velocidade. De acordo com El País, o carro onde estavam quatro pessoas foi fotografado no dia 12 de agosto, cinco dias antes do ataque.

Collomb adiantou ainda que as forças de segurança francesas detetaram o grupo em Paris e que o facto foi “transmitido às autoridades” espanholas.

A polícia catalã agradeceu a ajuda dos cidadãos na operação que decorreu em Subirats e que levou à morte do presumível autor do atentado. “Vocês são uma peça importante no combate ao terrorismo”
Quatro suspeitos interrogados
Os quatro suspeitos detidos pelos atentados de Barcelona e Cambrils estão a ser interrogados esta terça-feira, em Madrid. Os detidos Driss Oukabir, Mohammed Alla, Salh el Karib e Mohamed Houli foram transportados durante a noite pela polícia, tendo chegado à capital espanhola depois das 22 horas. Serão ouvidos pelo juiz Fernando Andreu, que lidera as investigações aos ataques terroristas na Catalunha.



Driss Oukabir é irmão de Moussa Oukabir (um dos cinco terroristas abatidos em Cambrils) e foi apanhado na zona de Ripol, em Girona, junto às instalações da polícia, para onde se dirigia para, alegadamente, denunciar o irmão por lhe ter roubado a documentação para alugar as viaturas usadas no ataque. Mohammed Alla, Salh el Karib, também foram detidos em Ripoll.

Já Mohamed Houli Chemal ficou ferido na explosão da casa em Alcanar, em Tarragona, na madrugada da passada quinta-feira, onde supostamente os terroristas preparavam explosivos para o que se julga ser um plano mais ambicioso de ataque em Barcelona e que acabou por falhar.

O testemunho de Mohamed Houli Chemal poderá ser crucial para entender o modo de funcionamento e a estratégia da célula terrorista dos atentados da Catalunha, que causaram 15 mortos e mais de 100 feridos, tendo sido reivindicados pelo Estado Islâmico.
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