Igreja Ortodoxa Russa inicia processo de escolha de Patriarca

por RTP
A sucessão de Alexis II tem provocado um vigoroso debate entre os que são partidários da tradição e os que pretendem que a Igreja Ortodoxa se abra ao resto do mundo Sergei Chirikov/EPA

Os 197 bispos ortodoxos do Oriente escolheram três nomes para dirigir a Igreja Ortodoxa Russa. O favorito é o metropolita Kirill, que dirige a diplomacia ortodoxa e defende laços mais próximos com o Vaticano.

O clérigo de Smolensko e de Kalinegrado, de 62 anos, é considerado modernista e, ao contrário do seu antecessor, defende uma aproximação à Igreja Católica de Roma. Kirill, que tem ocupado temporariamente a liderança do Patriarcado de Moscovo, chegou a reunir-se com o chefe da Igreja Católica, no Vaticano, em Dezembro de 2007. Foi escolhido por 97 bispos, sendo o preferido dos fiéis.

O segundo nome mais votado é o do metropolita Kliment, de 59 anos, director da Igreja Ortodoxa Russa para as questões económicas, cargo com ligações tradicionalmente fortes com o Kremlin. O metropolita de Kalouga e Borovsk é apontado como um conservador e tem um forte apoio entre os clérigos. Foi nomeado por 32 bispos.

O terceiro nomeado, com 16 votos, é o metropolita Filaret, de Minsk e Slutsk. Com 73 anos, poderá retirar votos aos dois favoritos. Mantém relações cordiais com o presidente da Bieolrússia, acusado pelos governos ocidentais de restringir a liberdade democrática. O metropolita Filaret dirige a Comissão Teológica para o Sínodo Sagrado.

É a primeira vez que a Igreja Ortodoxa Russa elege um Patriarca desde o fim da União Soviética. Alexis II foi escolhido no período final do Comunismo e promoveu a reaproximação entre os fiéis e Igreja russa. Os seus críticos apontam-lhe demasiado contacto com o Kremlin, sendo frequentemente fotografado com o actual primeiro-ministro e anterior presidente Vladimir Putin.

A eleição para encontrar um sucessor do patriarca ortodoxo Alexis II, que faleceu a 5 de Dezembro do ano passado, decorre entre terça e quinta-feira, na Catedral do Cristo Salvador, em Moscovo.

Os três nomeados pelo Concílio dos Bispos vão submeter-se ao escrutínio de um conselho alargado, no total de 711 pessoas (incluindo altos representantes, os monges e leigos em representação das paróquias). O facto de a eleição do Patriarca se efectuar pelo Concílio Local da Igreja Ortodoxa poderá levar a uma inversão dos resultados.
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