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Identificação de agentes públicos na morte de Marielle Franco no Brasil "alarmante" - ONG

por Lusa

A Amnistia Internacional (AI) considerou hoje "alarmante" que as autoridades brasileiras tenham identificado apenas "agentes públicos" como possíveis participantes no assassínio de Marielle Franco, em março de 2018 no Rio de Janeiro.

"É alarmante que o processo de investigação tenha identificado, até ao momento, três agentes de segurança pública como executores do crime e outros três agentes públicos como autores intelectuais", afirmou a Amnistia Internacional (AI), organização que trabalha em defesa de direitos humanos.

Em comunicado, esta organização não governamental disse que a detenção dos supostos autores intelectuais do crime de homicídio "representa um progresso importante", mas salientou que "ainda não significa justiça", o que só acontecerá quando "todos os envolvidos forem responsabilizados".

O comunicado da AI foi divulgado após a detenção do deputado federal José "Chiquinho" Brazão, do seu irmão Domingos Brazão, funcionário do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, e do ex-chefe da Polícia Civil daquela cidade, Rivaldo Barbosa, sob a suspeita de que foram eles que ordenaram o homicídio da vereadora brasileira.

Os suspeitos foram detidos no âmbito da operação Murder Inc., com a participação da Procuradoria-Geral da República e do Ministério Público do Rio de Janeiro.

A prisão, de caráter preventivo, foi ordenada pelo Supremo Tribunal Federal, que fiscaliza a investigação há pouco mais de um ano, quando passou para a esfera federal após cerca de cinco anos praticamente paralisada no Rio de Janeiro.

Os mandados de detenção têm como base um acordo de cooperação judiciária assinado por um dos acusados de assassinar Marielle Franco, o ex-polícia Ronnie Lessa, que está preso há quatro anos e que foi quem alegadamente disparou contra a vereadora em conjunto com outros dois ex-polícias.

Ronnie Leça é um ex-polícia do Rio de Janeiro e membro de gangues de vigilantes conhecidos como "milícias", que controlam muitos dos negócios ilegais nas favelas do Rio de Janeiro e até fornecem pistoleiros contratados.

Segundo a AI, "o surgimento e expansão de grupos paramilitares são o resultado, entre outros fatores, da impunidade e do fracasso das autoridades do Estado, que não oferecem respostas contundentes aos desvios nas suas próprias estruturas".

Esta semana, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, já tinha anunciado que se esperavam novidades sobre o caso, depois de o Supremo Tribunal ter aceitado um acordo de cooperação judiciária com o ex-polícia Ronnie Lessa, autor do homicídio de Marielle Franco e do seu motorista, Anderson Gomes.

Marielle Franco foi morta a tiro em 14 de março de 2018. A vereadora, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), tinha 38 anos, era negra, lésbica, nasceu numa favela e toda a sua atividade política foi dedicada à defesa dos direitos humanos e ao combate aos grupos mafiosos que controlam dezenas de bairros do Rio de Janeiro.

Nas redes sociais, a ministra da Igualdade Racial do Brasil e irmã de Marielle Franco, Anielle Franco, reagiu à detenção escrevendo: "Hoje é mais um grande passo para obter as respostas que tanto nos perguntamos nos últimos anos: quem mandou matar Mari e porquê".

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