O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, enquadrou hoje a sua ida à Sinagoga Portuguesa de Amesterdão, durante a sua visita de Estado aos Países Baixos, como uma homenagem histórica, como fez Mário Soares.
"Não teve nada a ver com a atual situação política existente. É uma realidade e uma homenagem histórica e, de alguma maneira, o pagar o preço de uma dívida histórica de Portugal. Outra coisa completamente diferente é neste momento o que se passa [em Israel e nos territórios palestinianos]", declarou Marcelo Rebelo de Sousa, em resposta aos jornalistas, num hotel de Amesterdão.
O chefe de Estado referiu que a sinagoga do século XVII que hoje visitou com o monarca neerlandês, Willem-Alexander, "é uma realização portuguesa, foram portugueses que vieram para cá que construíram aquela biblioteca, que construíram aquela sinagoga, que construíram aquela comunidade, que depois teve uma influência enorme nos Estados Unidos da América, no Canadá, na América Latina e na própria Europa e em vários países europeus".
"E ainda há uma semana estive na Mesquita de Lisboa, numa cerimónia ecuménica organizada por iniciativa muçulmana, que envolveu todas as confissões ou grande parte das confissões religiosas existentes em Portugal, rezando pela paz no mundo e, naturalmente, também a paz no Médio Oriente", salientou.
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou, por outro lado, que ao visitar a Sinagoga Portuguesa como a continuidade seguiu "uma tradição" iniciada pelo antigo Presidente da República Mário Soares, que "também lá foi", na sua visita de Estado aos Países Baixos, em outubro de 1989, "por uma homenagem aos portugueses que foram, nesse caso, judeus -- mas houve outros, foram por outras razões -- perseguidos pela Inquisição".
"E relativamente, aos quais o Presidente Mário Soares, nessa ocasião, pediu desculpa por esse comportamento histórico", acrescentou, ressalvando que os judeus "não foram os únicos" perseguidos em Portugal, "houve outros que também foram", como os "muçulmanos, por exemplo".
Questionado sobre a situação na Síria e eventuais implicações para os sírios asilados em Portugal, o Presidente da República respondeu que não tem "notícia sobre o que se passa".
"O número de sírios asilados em Portugal é muito pequeno. Houve uma iniciativa do presidente Jorge Sampaio de apoio aos estudantes do ensino superior, e são sobretudo estudantes, e sobretudo do ensino superior. Depois ficaram alguns radicados em Portugal, outros partiram. Não é uma comunidade significativa", mencionou.
"Mas não tenho ideia daquilo que se passa com o número exato de asilados sírios em Portugal", reiterou.