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Icónica afegã dos olhos verdes recebe refúgio em Itália

por Carla Quirino - RTP
Capa National Geographic, todos os direitos reservados (esq.), Reuters (dir.) DR

Sharbat Gula, outrora a menina dos olhos verdes que fez capa da National Geographic em 1985, deixou o Afeganistão para se refugiar em território italiano. A rondar os 50 anos, viúva e mãe de quatro filhos, Sharbat pediu ajuda para deixar o país depois de os talibãs tomarem o poder.

A fotografia de Steve Mccurry imortalizou a menina afegã de 12 anos. Tornou-se o rosto do povo que fugia da guerra. Foi fotografada num campo de refugiados.

Após uma busca de 17 anos, o fotógrafo Steve McCurry procurou Gula até chegar, em 2002, a uma remota comunidade afegã, onde a encontrou já casada com um padeiro e mãe de três filhas.

Um analista do FBI e o inventor do reconhecimento da íris verificaram a identidade, disse a National Geographic, à época.

Em 2014 apareceu no Paquistão. Foi acusada de usar documentação falsa e acabou por ser presa e deportada de regresso ao Afeganistão, em 2016.

Em Cabul, foi recebida por Ashraf Ghani, presidente de então, que lhe entregou as chaves de um novo apartamento.

"Quando criança, conquistou o coração de milhões porque era o símbolo dos refugiados afegãos", disse Ghani sobre Gulla, na época. "É um privilégio para mim recebê-la. Temos orgulho de ver que ela vive com dignidade e segurança em sua terra natal", sublinhou.
A era talibã
Depois de os talibãs se terem apoderado da governação, em agosto desde ano, Sharbat pediu ajuda para abandonar o país.


Recebida em Roma com os quatro filhos, Gula diz sofrer de hepatite C e que o marido faleceu há vários anos.

A Itália foi um dos países ocidentais que transportaram centenas de afegãos para fora do país após a saída das forças americanas e a tomada dos talibãs.

Desde que tomaram o poder, os líderes islamitas disseram que respeitariam os direitos das mulheres, mas de acordo com a Sharia, ou lei islâmica.

Na memória de Gula está a governação talibã entre 1996 a 2001, quando as mulheres estavam proibidas de trabalhar e as meninas vedadas à vida escolar. As mulheres tinham que cobrir o rosto e estar acompanhadas por um parente do sexo masculino quando saíam de casa.

Realidades que Sharbat conhece de cor.

Na quinta-feira, o Governo italiano anunciou o resgate da viúva e filhos e acrescentou que a família tinha encontrado um porto seguro.

O gabinete do primeiro-ministro Mario Draghi disse que a Itália organizou a viagem e agora ajudará a integrá-la na vida nova, acrescentou em comunicado.
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