Huthis reivindicam ataque a navio grego ao largo do Iémen

por Lusa

Os Huthis reivindicaram uma "operação direcionada" com "vários mísseis" hoje contra um navio graneleiro grego, avisando que vão prosseguir ataques "em defesa do Iémen e em solidariedade com o povo palestiniano".

Segundo um comunicado dos rebeldes iemenitas, assinado pelo porta-voz militar Yahya Sarea, o navio "Zogravia" dirigia-se para Israel quando foi atingido ao largo da costa do Iémen, depois de "a tripulação ter recusado repetidos apelos [...] e mensagens de aviso das forças navais" dos Huthis.

O porta-voz confirmou que os rebeldes lançaram "vários mísseis navais" contra o cargueiro grego, mas de pavilhão maltês, num novo ataque que, segundo a companhia de navegação, deixou os 24 membros da tripulação sem ferimentos e não causou danos de maior no navio.

O ataque de hoje, a 100 milhas náuticas (cerca de 185 quilómetros) da localidade de Salif, no Iémen, surge um dia depois de um outro semelhante a um navio norte-americano, também reivindicado pelos Huthis, informou a empresa de segurança britânica privada Ambrey.

Segundo a empresa britânica, o navio dirigia-se para o Canal do Suez. Este navio e outros pertencentes à mesma frota têm feito escala em Israel desde 07 de outubro.

O porta-voz dos Huthis voltou hoje a confirmar que os rebeldes iemenitas continuarão a realizar ataques no Mar Vermelho e no Golfo de Aden contra navios propriedade de Israel ou que se dirijam a um porto israelita "até que a agressão cesse e o cerco ao povo palestiniano seja levantado" na Faixa de Gaza.

Em resposta aos ataques Huthis no Mar Vermelho, através do qual navega cerca de 15% do comércio marítimo global, os Estados Unidos e o Reino Unido iniciaram na semana passada uma campanha de bombardeamentos contra posições militares dos rebeldes iemenitas pró-iranianos e aliados do grupo islamita palestiniano Hamas.

Nas últimas semanas, muitas empresas de navegação optaram por evitar o Mar Vermelho -- um ponto vital para o comércio entre a Ásia e a Europa -- devido aos ataques dos Huthis.

O conflito entre Israel e o Hamas, que desde 2007 controla a Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita a 07 de outubro.

Nesse dia, cerca de 1.140 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que mais de 100 permanecem na Faixa de Gaza.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que entretanto se estendeu ao sul.

A guerra entre Israel e o Hamas fez até agora na Faixa de Gaza mais de 24 mil mortos e mais de 59 mil feridos, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais, e cerca de 1,9 milhões de deslocados (cerca de 85% da população), segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária.

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