O chefe do conselho governamental dos rebeldes Huthis do Iémen, Mahdi al Mashat, emitiu hoje um decreto qualificando os EUA e o Reino Unido como "Estados hostis", segundo a agência de notícias Saba, próxima dos xiitas.
A decisão surge dois dias depois da entrada em vigor da designação de "terrorista" sobre o grupo xiita, que tinha sido anunciada há um mês por Washington.
Al Mashat, líder do Conselho Político Supremo, emitiu um `Decreto Presidencial` "classificando os Estados Unidos da América e o Reino Unido como dois Estados hostis à República do Iémen", escreveu a Saba.
O decreto estipula que "os EUA e o Reino Unido são classificados no primeiro nível" de Estados, entidades e indivíduos considerados hostis pelo Iémen, no âmbito da lei aprovada na semana passada pelo parlamento controlado pelos Huthis.
Os rebeldes iemenitas afirmam que os dois países "apoiaram, protegeram e patrocinaram a entidade sionista e participaram nos crimes genocidas cometidos pela entidade sionista [como os Huthis se referem a Israel] contra o povo palestiniano".
"Os dois Estados mencionados serão tratados como Estados hostis à República do Iémen e serão tratados de acordo com o princípio da confrontação", diz o decreto.
As autoridades Huthis devem agora avançar com as "medidas necessárias" para implementar a classificação, com o decreto também a ordenar que "agências de segurança relevantes enfrentem as atividades dos dois Estados mencionados dentro do país", sem fornecer mais detalhes.
A designação de "terroristas" dos Huthis ocorreu depois de os EUA e o Reino Unido lançarem uma campanha de bombardeamentos contra alvos militares do grupo apoiado pelo Irão em resposta a ataques contra navios ligados a Israel no Mar Vermelho e no estreito de Bab el-Mandeb e que afetaram gravemente o comércio marítimo internacional.
Os norte-americanos deram um prazo de 30 dias para reverter a decisão se os rebeldes cessassem os ataques, o que não aconteceu.
Desde o início da intervenção militar de Israel na Faixa de Gaza, justificada com a necessidade de anular a capacidade militar do Hamas, que as milícias iemenitas Huthis têm atacado navios, exigindo um cessar-fogo no enclave palestiniano.
Israel começou a bombardear Gaza na sequência dos ataques do Hamas no sul do território israelita, perpetrados em 07 de outubro de 2023 e que mataram cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, além de fazerem cerca de 250 reféns.
Pelo menos 28.985 palestinianos, a maioria mulheres e crianças, morreram nas investidas israelitas neste conflito, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, dominado pelo Hamas.
Cerca de 80% da população de Gaza foi expulsa das suas casas e um quarto enfrenta a fome.