Horas de violência em Montenegro. Tiroteio faz 12 mortos e quatro feridos

por RTP
Stevo Vasiljevic - Reuters

Pelo menos 12 pessoas, incluindo duas crianças, morreram e outras quatro ficaram feridas num tiroteio, na quarta-feira, que se seguiu a uma luta de bar numa cidade do oeste de Montenegro.

O atacante, identificado pela polícia como Aleksandar Aco Martinovic, de 45 anos, matou inicialmente quatro pessoas, quando abriu fogo após uma luta num restaurante na aldeia de Bajice, perto da cidade de Cetinje, na tarde de quarta-feira.

De seguida, matou oito pessoas, incluindo duas crianças, em três outros locais, disse a procuradora Andrijana Nastic.
Quatro pessoas ficaram também gravemente feridas e foram levadas para o hospital da capital, Podgorica. As vidas de três delas ainda estão em perigo, revelou o ministro da Saúde, Vojislav Simun.Martinovic foi encurralado por polícias perto da sua casa na cidade e tentou suicidar-se, morrendo depois dos ferimentos a caminho do hospital já na madrugada desta quinta-feira, declarou o ministro do Interior, Danilo Šaranović.

“Quando viu que estava numa situação desesperada, tentou suicidar-se. Ele não sucumbiu aos ferimentos no local, mas durante o transporte para o hospital”, avançou Šaranović à emissora estatal de Montenegro, RTCG.

“O nível de raiva e brutalidade mostra que, por vezes, essas pessoas (...) são ainda mais perigosas do que os membros de grupos criminosos organizados”, frisou o governante.

Martinović estava no bar durante todo o dia com outros convidados, e quando a discussão começou, foi a casa buscar uma arma e abriu fogo por volta das 17h30, revelou o comissário de polícia, Lazar Šćepanović.


Segundo o mesmo responsável, o suspeito tinha recebido uma pena suspensa em 2005 por comportamento violento e tinha recorrido da sua última condenação por posse ilegal de armas. Os meios de comunicação social montenegrinos referiram que era conhecido pelo comportamento errático e violento.

A polícia excluiu a possibilidade de um “confronto entre grupos criminosos organizados” e afirmou que as armas utilizadas eram ilegais.

O presidente, Jakov Milatović, disse estar “chocado e atónito” com a tragédia. “Em vez da alegria do feriado, fomos tomados pela tristeza pela perda de vidas inocentes”, escreveu no X.


O primeiro-ministro, Milojko Spajić, deslocou-se ao hospital onde os feridos estavam a ser tratados e anunciou três dias de luto. “Esta é uma tragédia terrível que nos afetou a todos”.

Spajić acrescentou que as autoridades vão considerar critérios mais rigorosos para a posse e o porte de armas, incluindo a possibilidade de uma proibição total. Esta medida irá provavelmente enfrentar oposição no Montenegro, que tem uma população de cerca de 620 mil habitantes, e uma cultura de armas profundamente enraizada.

Apesar das leis rigorosas, os Balcãs Ocidentais, compostos por Sérvia, Montenegro, Bósnia, Albânia, Kosovo e Macedónia do Norte, continuam repletos de armas. A maior parte provém das guerras da década de 1990, mas algumas datam mesmo da I Guerra Mundial.

O tiroteio de quarta-feira foi o segundo incidente com armas de fogo nos últimos três anos na localidade de Cetinje, localizada a 38 quilómetros da capital Podgorica. Em agosto de 2022, um atacante matou dez pessoas, incluindo duas crianças, antes de ser morto a tiro por um transeunte.

c/ agências
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