Hong Kong elogia papel de lusodescendentes no desenvolvimento do território

por Lusa

O secretário para a Cultura, Desporto e Turismo de Hong Kong elogiou hoje o papel que os lusodescendentes tiveram no desenvolvimento da região, durante a inauguração de uma exposição permanente sobre a comunidade euroasiática.

"Os portugueses foram dos primeiros grupos de estrangeiros a fixar-se em Hong Kong e deram grandes contributos para o desenvolvimento inicial" da cidade, disse, num discurso, Kevin Yeung Yun-hung.

O dirigente falava na cerimónia de inauguração da `Estórias Lusas`, a primeira exposição permanente rotativa sobre uma comunidade minoritária do território, no âmbito da renovação do Museu de História de Hong Kong.

Os macaenses e membros da então numerosa comunidade portuguesa em Xangai, no leste da China, começaram a chegar a Hong Kong logo depois da fundação da então colónia britânica, em 1841.

A curadora da exposição, Hui Siu-mui, disse, numa conferência de imprensa, que, por volta de 1860, esta comunidade era mais numerosa até do que os próprios britânicos.

A investigadora sublinhou a "grande importância" dos lusodescendentes para o desenvolvimento inicial de Hong Kong, sobretudo como intermediários.

A comunidade "aproveitou o talento para as línguas e o estatuto único de `nem chinês nem ocidental` para servir de ponte entre os mercadores e funcionários do Governo britânico e os chineses", explicou o museu.

A exposição reflete a identidade de Hong Kong como "uma cidade de diversidade e integração étnica", onde "o Oriente e o Ocidente convergem" e "as culturas chinesa e ocidentais se misturam", defendeu Kevin Yeung.

O diretor do museu, Terence Cheung Yui-fai, disse que a renovação pretende "contar a história de Hong Kong desde há 600 anos até ao 25.º aniversário da transição", em 2022.

A região passou do Reino Unido para a China em 1997, dois anos antes do mesmo acontecer em Macau, que estava sob administração portuguesa.

"Queremos que as pessoas venham ver os novos objetos que conseguimos reunir, em vez da velha história de Hong Kong", disse Terence Cheung.

O Departamento de Serviços Culturais e de Lazer do território disse à Lusa que a mostra apresenta "mais de 250 peças de famílias e organizações portuguesas".

Kevin Yeung elogiou o trabalho de recolha de artefactos, documentos e fotografias feito pelo coordenador do projeto, o nonagenário Francisco da Roza.

O secretário sublinhou também a generosidade do Club Lusitano, a maior instituição da comunidade, do Club de Recreio e das famílias lusodescendentes, que emprestaram ou doaram peças ao museu.

A inauguração contou com a presença do cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong.

"É uma exposição que emociona, como português", disse, mais tarde, Alexandre Leitão, à televisão pública de Macau TDM.

Alexandre Leitão disse que a mostra é um reconhecimento "muito importante" do "contributo extraordinário" que os lusodescendentes deram ao desenvolvimento de Hong Kong.

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