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Hong Kong. Carrie Lam pede solução pacífica mas manifestantes estudantis resistem

por RTP
Thomas Peter/Reuters

A Universidade Politécnica de Hong Kong continua a ser o epicentro das contestações. Carrie Lam, a chefe do Governo, disse esta terça-feira que a única solução pacífica é a rendição dos manifestantes que continuam barricados nas instalações e a usá-las como campo de batalha.

Depois de dois dias de confrontos violentos e de mais de 200 pessoas feridas, um grupo de cerca de 100 estudantes continua barricado na Universidade Politécnica, uma das maiores de Hong Kong, cercados pela polícia. As instalações da Universidade foram transformadas num campo de batalha e os manifestantes usam todo o tipo de armas improvisadas – tijolos, flechas e cocktails-molotov – para resistir à repressão policial.

A polícia, que está a cercar as instalações desde domingo, recorreu a balas de borracha, a granadas de gás lacrimogéneo e a canhões de água para conter a fuga dos manifestantes.

Carrie Lam disse, esta terça-feira numa conferência de imprensa, que única solução para o terminar o caos na Universidade, o episódio mais violento desde o início dos protestos, é os manifestantes renderem-se.

"Este objetivo só pode ser alcançado com a plena cooperação dos manifestantes", afirmou.

Lam sublinhou ainda que os manifestantes devem "entregar as armas e sair pacificamente enquanto ouvem as instruções da polícia".

Na segunda-feira terão abandonado as instalações cerca de 600 estudantes, incluindo 200 com menos de 18 anos de idade.
Um grupo de cerca de cem manifestantes tentou furar o cordão montado pelas autoridades, mas a maioria acabou detida. Parte conseguiu fugir, mas outros outros renderam-se, durante os confrontos com a polícia.

A chefe do executivo de Hong Kong na conferência, onde anunciou um novo chefe da polícia, apelou aos cidadãos que pusessem fim aos protestos que já duram desde junho e pediu às autoridades que atuassem de forma humana com os manifestantes.

"Houve uma escalada da violência. Para além das flechas disparadas, alguns desordeiros que estão na zona da Universidade Politécnica atiraram tijolos e bombas incendiárias, e incendiaram a ponte pedonal que liga o campus à estação de metro de Hung Hom”, denunciou, Carrie Lam numa mensagem no Facebook. "A polícia já fez vários apelos e quem está no campus tem de os ouvir sem demora", alertou.
Parlamento chinês condena decisão de tribunal de Hong Kong

Um tribunal de Hong Kong declarou, esta segunda-feira, inconstitucional a proibição de máscaras em protestos decretada pelo governo local. Mas o Parlamento chinês afirmou, esta terça-feira, ser a única autoridade capaz de decidir sobre a mini Constituição de Hong Kong.

"A decisão do Supremo Tribunal de Hong Kong enfraquece seriamente a governação da chefe do Executivo e do Governo da RAE [Região Administrativa Especial]", afirmou o porta-voz da Comissão de Assuntos Legislativos da Assembleia Nacional Popular (ANP) Jian Tiewei, citado pela imprensa oficial chinesa.

Jian Tiewei realçou que apenas a ANP tem o poder de decidir se uma lei está ou não em conformidade com a Lei Básica de Hong Kong. "Nenhuma outra instituição tem o direito de fazer um julgamento ou tomar uma decisão", afirmou.

O Supremo Tribunal de Hong Kong considera que a proibição das máscaras é inconstitucional, uma vez que impõe mais restrições do que as necessárias aos direitos fundamentais da população.

Com os confrontos dos últimos dias, o Governo de Hong Kong está a ponderar adiar as eleições do próximo domingo, uma vez que os protestos violentos podem pôr em causa todo o processo eleitoral.

As contestação em Hong Kong começaram há mais de cinco meses, como um movimento de oposição a uma proposta de lei que permitiria extradições de detidos para a China continental. No entanto, a situação evoluiu para um protesto mais generalizado e violento, que tem durado até agora.
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