Lavagem de dinheiro, evasão de sanções e alegados desvios de tecnologia proibida para a Rússia são alguns pontos que os legisladores norte-americanos colocam em cima da mesa para alertarem o Governo dos EUA. Pedem à Administração cessante de Joe Biden que repense os laços financeiros com a cidade asiática. Alegam mesmo que região administrativa especial da China está a tornar-se "líder mundial" em crimes financeiros.
Os legisladores advertem Washington para a necessidade de fazer “um maior escrutínio sobre o valorizado setor financeiro de Hong Kong”.A cidade asiática é um pilar da economia no Oriente e abriga muitos grandes bancos norte-americanos. Gera mais de um quinto do produto interno bruto do território chinês. Porém, de acordo com a análise feita pelo comité de legisladores, Hong Kong está a tornar-se um “líder global” em práticas ilícitas.
A cidade tem tido um “papel crescente” na exportação de tecnologia ocidental controlada para a Rússia, a criação de empresas de fachada para comprar petróleo iraniano e a gestão de “navios fantasmas” que se envolvem em comércio ilegal com a Coreia do Norte.
“Agora, devemos questionar se a política de longa data dos EUA em relação a Hong Kong, particularmente em relação ao seu setor financeiro e bancário, é apropriada”, acrescentaram.
A carta agora tornada pública alerta ainda, citando investigações recentes, que "quase 40 por cento dos produtos enviados de Hong Kong para a Rússia em 2023" estavam nas listas de bens proibidos dos EUA e da UE, como semicondutores e outras tecnologias que Moscovo precisa para a guerra na Ucrânia.
Laços entre EUA e Hong Kong desgastados
Após a transferência britânica de Hong Kong para a China, em 1997, a cidade recebeu a garantia, por parte de Pequim, de que permaneceria sob condição de região semi-autónoma, com independência judicial, durante 50 anos, coroando o acordo "Um País, Dois Sistemas".
Em 2020, o então presidente Donald Trump revogou o tratamento especial de que Hong Kong desfrutava há muito tempo sob a lei dos EUA, para punir Pequim por impor a lei de segurança nacional à cidade anteriormente franca. Desde então, dezenas de empresas sediadas em Hong Kong foram atingidas por sanções dos EUA por fugirem de amplas medidas impostas à Rússia em resposta à invasão da Ucrânia.
Estes alertas surgem no momento em que Trump está a dois meses de ocupar de novo a Casa Branca. Com ele segue um gabinete repleto de defensores da China, incluindo Marco Rubio, que foi nomeado secretário de Estado.
A carta é assinada pelo deputado republicano John Moolenaar, que preside o Comité, e pelo deputado Raja Krishnamoorthi, o principal democrata do painel.
Nas preocupações expressas no documento, é ainda destacado o crescente escrutínio sobre Hong Kong na crescente rivalidade entre os EUA e a China e deixa-se uma questão: “Estamos interessados em compreender como o Tesouro pretende combater ainda mais a facilitação da lavagem de dinheiro e evasão de sanções através do sistema financeiro de Hong Kong”.
“Infelizmente, a ideia de Hong Kong como autónoma da China é atualmente uma farsa. As empresas dos EUA precisam de entender que as suas operações em Hong Kong provavelmente estarão sob maior escrutínio”, acentuam os legisladores.
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