Hong Kong acusou o último governador britânico da região de tentar "exercer pressão política sobre os juízes" e rejeitou as críticas de Chris Patten à condenação de sete ativistas pró-democracia do território.
O Governo da região semiautónoma chinesa acusou, na quarta-feira à noite, o político britânico de "calúnia maliciosa" e de "uma manobra política desprezível", "numa tentativa de influenciar o sistema judicial".
Patten defendeu que a confirmação da condenação de sete ativistas por participarem num dos maiores protestos antigovernamentais em 2019, divulgada na segunda-feira, é injusta e mostra a "rápida deterioração do Estado de direito em Hong Kong".
As autoridades de Hong Kong garantiram que os juízes decidiram "de forma independente" condenar a penas de prisão Jimmy Lai, fundador do extinto jornal Apple Daily, Martin Lee, presidente e fundador do Partido Democrático, e cinco ex-legisladores pró-democracia, incluindo a advogada Margaret Ng.
"Hong Kong é uma sociedade sustentada por um Estado de direito robusto, onde os cidadãos gozam da liberdade de expressão. Todos têm o direito de expressar os seus pontos de vista sobre decisões judiciais dentro dos limites permitidos pela lei", acrescentou o Governo.
Os sete ativistas tinham recorrido para a última instância, alegando que as penas não eram proporcionais ao crime alegadamente cometido e que a acusação representava uma restrição excessiva das liberdade de expressão e de reunião.
As acusações surgiram na sequência de uma manifestação em agosto de 2019, na qual terão participado cerca de 1,7 milhões de pessoas, que saíram às ruas de Hong Kong, cidade com cerca de sete milhões de habitantes, para exigir maior democracia e a responsabilização da polícia.
Chris Patten lamentou em particular a participação na decisão do juiz David Neuberger, antigo líder do Supremo Tribunal do Reino Unido.
"Neste caso, talvez algumas das suas opiniões sobre a lei tenham mudado entre a sala de espera da primeira classe em Heathrow e o terminal de chegada do aeroporto internacional de Hong Kong", disse o antigo governador.
Neuberger é um dos sete juízes estrangeiros, três do Reino Unido e quatro da Austrália, que desempenham atualmente funções no tribunal superior de Hong Kong.