As autoridades de Hong Kong acusaram os Estados Unidos de "bullying" após Washington ter elevado para 125% as tarifas sobre os produtos importados tanto da região semiautónoma chinesa como da China continental.
Num comunicado divulgado na quarta-feira à noite, um porta-voz do Governo de Hong Kong disse que as medidas anunciadas horas antes pelo presidente norte-americano, Donald Trump, "são 'bullying' e irracionais".
As autoridades manifestaram "forte desaprovação e descontentamento" não só com a subida das tarifas, mas também com o fim da isenção de taxas alfandegárias para pequenos pacotes enviados por correio, que entrará em vigor em 2 de maio.
"Para enviar artigos para os Estados Unidos, o público em Hong Kong deve estar preparado para pagar taxas exorbitantes devido aos atos irracionais e intimidantes" de Washington, lamentou o governo da cidade.
Os Correios de Hong Kong não irão ajudar os Estados Unidos a cobrar qualquer tarifa, mas o comunicado alertou que poderá haver, mais tarde, uma "suspensão temporária" dos serviços postais para os Estados Unidos.
"Os EUA já não defendem o comércio livre, minando arbitrariamente as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), estabelecidas em conjunto pela comunidade internacional, prejudicando gravemente o sistema multilateral de comércio e o processo de globalização, e interrompendo a cadeia de abastecimento global", lamentou o porta-voz do Governo de Hong Kong.
O comunicado recordou que o território "nunca implementou qualquer tarifa", pelo que a imposição de taxas, descritas por Trump como recíprocas, "é totalmente ilógica e infundada, demonstrando plenamente que é um ato de intimidação para suprimir os seus concorrentes".
Em 3 de abril, a Presidência dos Estados Unidos divulgou a fórmula usada para justificar as tarifas, que ignora as barreiras comerciais em vigor e apenas divide a balança comercial (a diferença entre importações e exportações) pelo valor das importações.