Holanda e Turquia aguardam eleições em rota de colisão diplomática.

por Rui Sá, Duarte Valente, Sérgio Vicente

Ancara acaba de banir o embaixador holandês naquele pais e vai suspender todas as conversações ao mais alto nível com as autoridades de Amesterdão.
Em paralelo o regime turco enunciou que vai apresentar uma queixa contra a Holanda no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos pela forma como foram tratados dois dos seus ministros naquele país.
A Holanda reage emitindo um comunicado aos seus cidadãos. "Mantenham-se alerta em toda a Turquia e evitem multidões ou locais onde esteja muita gente".

O primeiro-ministro holandês não pede desculpas pela forma como tratou os governantes turcos que queriam fazer campanha a favor do reforço dos poderes presidenciais de Erdogan junto dos seus quase quatrocentos mil emigrantes que vivem nos países baixos.

Confrontos com a polícia nas ruas de diversas cidades holandesas levaram Erdogan a classificar a Holande de ser um regime Nazi.

Mark Rutter, que lembra a Holanda foi bombardeada e ocupada pelos Nazis na Segunda Guerra Mundial, exige também ele desculpas.

A Europa e a NATO pedem calma mas, em tempo de garantir votos nos dois países, aparentemente ninguém parece disposto a ouvir.

Os turcos votam em referendo, a 16 de abril, a alteração da constituição e o reforço dos poderes presidenciais. Já na quarta-feira mais de 12 milhões de holandeses escolhem um novo governo com toda a Europa a recear o desempenho da extrema-direita eurocética.

"O parlamento tem 150 lugares. Há 38 partidos a concorrer a esta eleição, e os dois com mais intenções de voto, o Partido da Liberdade da extrema direita, e o Partido Popular da Democracia (atualmente no poder) têm apenas expectativa de eleger 24 e 25 deputados respetivamente", explica Duarte Valente. O Jornalista da RTP que está a acompanhar estas eleições legislativas na Holanda recorda que todos os analistas locais dão como certo que será necessária uma coligação de três ou mesmo quatro partidos para garantir um novo governo para o país.

Greet Wilders, rodeado por guarda costas devido a ameaças dos extremistas islâmicos, partiu para esta corrida em vantagem nas sondagens. Num programa eleitoral de apenas uma página A4 o líder de extrema-direita promete fechar mesquitas, proibir o véu islâmico, fechar fronteiras aos imigrantes muçulmanos, mas também sair do euro, e lançar o que chama de "Primavera Patriótica" em toda a Europa.

O ministro dos Negócios Estrangeiros turco veio a público garantir que os atuais partidos de poder na Holanda são o mesmo do que o Partido da Liberdade. Segundo Mevlut Cavusoglu mesmo que vençam os partidos Popular, Liberal ou Social Democrata, serão sempre os apoiantes de Wilders a vencer.

No Jornal 2 o analista de politica internacional Felipe Pathé Duarte destaca este ponto para referir que "efetivamente quem ganha politicamente nesta situação é o primeiro-ministro Mark Rutters, que, reprimindo as manifestações e impedindo a entrada no país do ministros turcos, foi capaz de ultrapassar pela direita a própria extrema direita, e Erdogan, que consegue colocar-se no lugar de vítima e fazer crescer a sua base interna de apoio".
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