Histórico da Frelimo vê "janela de esperança" após encontro entre PR e Mondlane

por Lusa

 O primeiro ministro da Saúde de Moçambique, Hélder Martins, histórico da Frelimo, disse hoje à Lusa esperar que seja justificada a "janela de esperança" aberta após o encontro entre o Presidente da República e Venâncio Mondlane.

"Por enquanto são só palavras e eu digo [que as] palavras leva-as o vento, mas vamos lá ver, pelo menos abriu-se uma janela de esperança. Vamos lá ver se essa esperança vai ser justificada", disse o histórico da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) Hélder Martins, em entrevista à Lusa, em Maputo.

Para Hélder Martins o encontro entre o Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, e o ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que lidera os protestos pós-eleitorais em Moçambique desde outubro, devia ter ocorrido há mais tempo, referindo que o ato já era desejado por todos.

"Olha, só digo uma coisa: Finalmente. Uma palavra só, finalmente. Já estávamos à espera de que isso se sucedesse há muito tempo e todos estávamos desejosos que isso sucedesse, [então] vamos lá ver agora", frisou Hélder Martins, um dos 300 fundadores - apenas cinco ainda vivos - da Frelimo e ministro da Saúde nos primeiros cinco anos da independência de Moçambique, em 1975.

O chefe de Estado moçambicano reuniu-se em 23 de março com o ex-candidato presidencial para "discutir soluções face aos desafios que o país enfrenta", anunciou na altura a Presidência da República.

Em comunicado, a Presidência explicou que o encontro - o primeiro entre os dois divulgado publicamente depois do início da contestação nas ruas que se seguiu às eleições gerais de 09 de outubro -, aconteceu em Maputo e inseriu-se "no esforço contínuo de promover a estabilidade nacional e reforçar o compromisso com a reconciliação e a unidade dos moçambicanos", encontro que também foi confirmado por Venâncio Mondlane.

Moçambique vive desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas por Venâncio Mondlane, algumas das quais resultaram em saques e vandalismo.

Atualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.

Desde outubro, pelo menos 361 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, de acordo com a Plataforma Decide, uma organização não-governamental moçambicana que acompanha os processos eleitorais.

O Governo moçambicano confirmou pelo menos 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.

 

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