Von der Leyen lançou debate. Hidrogénio verde pode ser solução para crise energética

por RTP
Reuters

Na quarta-feira, no debate sobre o Estado da União Europeia, Ursula Von der Leyen reforçou o compromisso de descarbonização e anunciou um "banco de hidrogénio" de três mil milhões de euros, forma de acelerar a produção deste combustível na União até 2030. No mesmo dia, a ITM Power - que fabrica máquinas eletrolisadoras - admitiu que pode ser esta a alternativa mais rentável ao gás metano.

“O hidrogénio pode mudar o paradigma para a Europa. Temos de criar um novo mercado para o hidrogénio, a fim de preencher o fosso de investimento”, anunciou a presidente da Comissão Europeia esta quarta-feira, no Parlamento Europeu.

Nos últimos meses, a guerra na Ucrânia levou, entre outras consequências, ao aumento do preço do gás natural. Mas, de acordo com a empresa britânica ITM Power, a produção de "hidrogénio verde" pode ser o único "gás de energia zero" que representa uma alternativa viável ao gás.

O hidrogénio verde é falado como uma das energias do futuro há já algum tempo, principalmente quando se procura alternativas aos combustíveis fósseis, uma vez que é produzido através da divisão da água usando eletricidade de fontes renováveis. apresentando emissões mínimas.

Os defensores desta tecnologia argumentam que pode ser esta a solução para descarbonizar indústrias pesadas e poluentes. Há, contudo, dúvidas quanto à rentabilidade e custo deste método.

Um sinal dessa incerteza é a queda das ações da ITM Power e do afastamento dos investidores. Graham Cooley, CEO da empresa britânica que produz eletrolisadores - máquinas que usam energias renováveis para produzir hidrogénio a partir da água - anunciou que ia deixar o cargo após os atrasos na produção e nas metas da empresa.

"Dada a escalada de custos, as restrições no fornecimento e vários atrasos, pode não ser possível atingir 5 gigawatts até ao final de 2024”, informou em comunicado, acrescentando que não irá por isso avançar neste momento com a construção de uma segunda fábrica no Reino Unido.

Os investidores começaram entretanto a questionar os custos e a rentabilidade da transição energética para o hidrogénio verde, o que pode também atrasar o investimento na descarbonização.

Segundo Cooley, desde o início do ano, à medida que os preços do metano e dos fertilizantes aumentaram, o hidrogénio verde “alcançou a primeira paridade e depois tornou-se mais barato do que produzir a partir de matérias-primas de gás”.

“Existe apenas um gás líquido de energia zero que pode substituir o metano para ajudar o mundo a lidar com as mudanças climáticas. O hidrogénio verde também pode ajudar a fornecer segurança energética e contribuir para a segurança alimentar através da produção de amoníaco verde para fertilizantes".

“Essas capacidades tornaram-se impulsionadoras muito poderosas para os nossos negócios, à medida que os governos tentam acelerar a participação de energias renováveis ​​intermitentes no conjunto de energia dos seus países para lidar com a dependência do fornecimento de gás da Rússia", continuou.

A questão é que, para ser rentável e uma verdadeira alternativa, a produção tem de chegar pelo menos a 10 gigawatts até 2030 - o que, com os atrasos e a falta de material e de investimento, pode vir a revelar-se impraticável.
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