Hidratos de gás com potencial energético descobertos ao largo da costa portuguesa
Aveiro, 08 fev (Lusa) - Três vulcões de lama contendo hidratos de gás, com potencial para a sua exploração energética, foram descobertos ao largo da costa portuguesa, entre os Açores e Gibraltar, anunciou hoje a Universidade de Aveiro.
Situados a 180 quilómetros a sudoeste do Cabo de São Vicente e a uma profundidade de 4.500 metros numa extensão de 15 quilómetros, os vulcões de lama com hidratos de gás são considerados pelos cientistas como "uma possível, e muito importante, fonte de energia" do futuro.
A descoberta abre a perspetiva da existência de mais vulcões de lama numa área muito maior da Zona Económica Exclusiva, pelo que o País poderá ter reservas potenciais de gás e de hidratos de gás, em quantidade que justifique a exploração comercial.
Foram localizados por uma equipa luso-germânica em 2012, a bordo do navio oceanográfico "Meteor", em que estiveram embarcados os investigadores Vítor Hugo Magalhães, Marina Cunha e Ana Hilário, da Universidade de Aveiro.
Os investigadores da UA identificaram os vulcões através de dados batimétricos de alta resolução, sonares de varrimento lateral e métodos de reflexão sísmica.
A expedição foi feita no âmbito do projeto SWIMGLO, uma parceria entre a UA, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e o instituto alemão GEOMAR.
"O facto de termos encontrado hidratos de gás quase a 100 quilómetros para oeste da zona do Prisma Acrecionário do Golfo de Cádis, ao longo da zona de falha Açores-Gibraltar, alarga muito a nossa expectativa de encontrar mais depósitos nessa área", diz Luís Pinheiro, da Universidade de Aveiro.
O investigador do Laboratório de Geologia e Geofísica Marinha do Departamento de Geociências e do CESAM da Universidade de Aveiro tem-se dedicado, desde 1999, à descoberta e estudo dos vulcões de lama na Margem Sul Portuguesa e no Golfo de Cádis, entre a costa ibérica e marroquina.
Segundo explica Luís Pinheiro, os hidratos de gás, que formam uma estrutura cristalina entre moléculas de metano e moléculas de água "são um potencial recurso energético futuro porque um centímetro cúbico de hidratos liberta por dissociação cerca de 160 centímetros cúbicos de gás natural".
Aquele investigador esclarece que a tecnologia para os explorar "está ainda em desenvolvimento, mas caminha no sentido de um dia permitir que os hidratos possam ser explorados tal como hoje se faz com o gás natural".