Hezbollah reivindica disparo de míssil balístico contra sede da Mossad em Telavive
O Hezbollah, que nos últimos dias tem sido alvo de ataques de Israel no Líbano, afirmou ter disparado esta quarta-feira um míssil balístico contra a sede da Mossad, serviços secretos israelitas, em Telavive - onde soaram sirenes antiaéreas, depois de o Exército israelita ter identificado e intercetado um projétil lançado a partir do Líbano.
"A resistência islâmica lançou um míssil balístico Qader 1 às 6h30 hoje (...) visando a sede da Mossad nos arredores de Telavive", declarou em comunicado o Hezbollah, alegando apoio à “valente e honrosa resistência” dos palestinianos na Faixa de Gaza e “em defesa do Líbano e do seu povo”.
Um porta-voz do movimento xiita, citado pela Reuters, admitiu que o alvo era a sede dos serviços secretos externos de Israel, uma vez que o Hezbollah considera a Mossad “responsável por assassinar líderes e explodir pagers e dispositivos sem fio”.O exército israelita ainda não confirmou o ataque à Mossad, mas anunciou ter identificado e intercetado um míssil terra-terra, lançado a partir do Líbano.
“Na sequência das sirenes que soaram nas regiões de Telavive e Netanya, foi identificado um míssil terra-terra proveniente do Líbano, que foi intercetado pela defesa aérea”, declarou inicialmente um porta-voz militar.
Pouco depois, a mesma fonte acrescentou que o míssil balístico tinha atingido território israelita.“É a primeira vez que um míssil do Hezbollah atinge a área de Telavive".
Segundo o porta-voz internacional das Forças de Defesa de Israel, o tenente-coronel Nadav Shoshani, o míssil que foi intercetado estava a ir em direção a áreas civis da cidade.
“A sede da Mossad não fica naquela zona, fica um pouco a leste e norte daquela área. Os mísseis dispararam alertas em Netanya e Telavive ao longo da costa”, disse Shoshani, citado pelo Guardian.
“O Hezbollah está definitivamente a tentar escalar a situação”, acrescentou, garantindo que o Israel responde a todos os ataques contra os seus cidadãos como uma ameaça igual, seja em Haifa ou Telavive. “Qualquer ataque em direção a Israel é algo que não aceitamos e planeamos agir para nos defender e acabar com a ameaça”.
Entretanto, os bombardeamentos israelitas no Líbano continuaram pelo terceiro dia consecutivo, o que tem provocado a fuga de milhares de pessoas do sul do país, numa altura em que a comunidade internacional tenta evitar um conflito regional.
Desde as 05h00 que os bombardeamentos israelitas estão a atingir o sul do país, avançou a agência de notícias libanesa NNA, bem como a região de Baalbek (leste), um reduto do Hezbollah, de acordo com o canal do movimento movimento xiita libanês pró-iraniano, Al-Manar, e outros meios de comunicação libaneses. Ao início da noite de terça-feira, o exército israelita declarou ter efetuado “grandes ataques” contra dezenas de alvos do Hezbollah no sul e na região de Bekaa (leste).
Netanyahu adia viagem
Entretanto, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou que vai adiar por um dia a viagem para Nova Iorque, onde vai participar na 79ª Assembleia-Geral da ONU, disse o gabinete do chefe do Governo.
"O primeiro-ministro Netanyahu vai viajar para discursar na ONU amanhã [quinta-feira], e não esta noite, e regressará no sábado à noite", indicou numa nota.
Nos últimos dias, o Exército israelita levou a cabo ataques em vários pontos do sul e leste do Líbano, e também na capital, Beirute, nos quais foram mortas cerca de 600 pessoas e mais de mil ficaram feridas. As autoridades israelitas garantiram ter eliminado vários comandantes do Hezbollah.
Esta nova fase do conflito, de aumento dramático de tensões entre Israel e o Hezbollah, foi desencadeada por dois dias de explosões simultâneas dos dispositivos de comunicação do grupo, primeiro pagers, depois walkie-talkies - a 17 e 18 de setembro -, ataques atribuídos a Israel que fizeram cerca de 40 mortos e de três mil feridos, de acordo com o mais recente balanço divulgado pelas autoridades libanesas.
Há mais de 11 meses que as forças israelitas e o Hezbollah estão envolvidos num intenso fogo cruzado ao longo da fronteira entre o Líbano e Israel, nos piores confrontos desde a guerra de 2006, que se intensificaram fortemente este verão, após um ataque da milícia pró-iraniana que matou 12 crianças nos Montes Golã, ocupados por Israel desde 1967.
c/ agências