O corpo do dirigente do Hezbollah Fuad Shukr foi hoje encontrado nos escombros de um prédio atingido na terça-feira por um ataque israelita, indicou à agência noticiosa AFP fonte próxima da organização político-militar xiita libanesa.
"O corpo foi encontrado nos escombros do edifício atingido", nos subúrbios sul de Beirute, bastião do Hezbollah, precisou a mesma fonte sob anonimato.
Na noite de terça-feira o Exército israelita tinha reivindicado a "eliminação" de Shukr, definido como "o mais alto responsável militar" da formação xiita libanesa que mantém relações próximas com o Irão.
Numa primeira reação, o chefe de estado-maior do Exército israelita, Herzi Halevi, congratulou-se hoje pelo ataque em Beirute que matou Fuad Shukr, ao sublinhar que as forças israelitas têm capacidade para atacar pontos muito precisos e inclusivamente incursões no terreno.
"Ontem à tarde [terça-feira] tivemos a oportunidade de eliminar Muhsan", disse o chefe militar numa referência a Shukr, no decurso de um treino de soldados israelitas perto da fronteira com o Líbano.
"Era uma figura militar de alta patente no Hezbollah, e também uma pessoa muito próxima [do líder da organização paramilitar xiita libanesa] de Hassan Nasrallah", sublinhou.
Segundo o chefe militar israelita, Shukr foi responsável pelo ataque de sábado na povoação drusa de Majdal Shams, nos Montes Golã ocupados e anexados por Israel, que provocaram a morte de 12 crianças e adolescentes, apesar de o Hezbollah ter desmentido qualquer envolvimento.
"As Forças de Defesa de Israel sabem como operar e alcançar uma determinada janela num bairro de Beirute, sabem como apontar a um determinado ponto subterrâneo, e também sabemos atuar no interior com muita força", disse ainda Halevi perante os soldados, que praticaram "cenários extremos", como combates em bosques e montanhas, ativação de fogo e combates em zonas urbanizadas.
Em contraste, nos subúrbios sul de Beirute, centenas de pessoas participaram hoje nos funerais de duas crianças mortas no ataque de terça-feira que vitimou Fuad Shukr.
"Morte a Israel", entoou a multidão, numa homenagem aos quatro civis mortos, duas mulheres e duas crianças, Amira Fadlallah, de seis anos, e o seu irmão Hassan, dez anos, que se encontravam em casa da tia.
"Estou colérica porque (...) a vida das nossas crianças pouco vale", lamentou Aya Ahmad, 38 anos, amiga da mãe das duas crianças mortas.
"As duas crianças que perdemos juntam-se à lista de 17.000 crianças mortas em Gaza sem que ninguém exija que seja feita justiça", declarou à AFP.
Foi a segunda vez que os subúrbios sul de Beirute foram atingidos por fogo israelita após o Hezbollah ter aberto uma frente contra Israel em 08 de outubro, em solidariedade com o Hamas palestiniano.
Em 02 de janeiro, o número dois do Hamas, Saleh al-Arouri, foi morto nesta zona xiita de Beirute num ataque atribuído a Israel.