Henry Kissinger. Blinken destaca "perspicácia estratégica e intelecto" que moldaram história

por Lusa

O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, destacou hoje a "perspicácia estratégica e intelecto" do ex-secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger, hoje falecido, que ao longo de décadas tomou "inúmeras decisões que alteraram a história".

Num comunicado a assinalar o falecimento de Kissinger, Blinken fez uma retrospetiva dos 100 anos vida do histórico secretário de Estado e do seu contributo para temas como as relações com a China ou a abordagem à inteligência artificial.

Blinken recordou que Kissinger, que morreu na quarta-feira na sua casa no Connecticut, fugiu com a sua família da Alemanha nazi para os Estados Unidos em 1938, quando tinha 15 anos, salientando que o diplomata amava a nação que acolheu a sua família e, durante o resto da sua vida, "sentiu o dever e o desejo de servir a América, o seu povo, a sua ideia".

"Como secretário de Estado e conselheiro de Segurança Nacional, Henry tomou inúmeras decisões que alteraram a História. Servir como principal diplomata da América hoje é mover-se através de um mundo que carrega a marca duradoura de Henry -- desde as relações que ele forjou, às ferramentas em que foi pioneiro, à arquitetura que construiu", assinalou o atual secretário de Estado norte-americano.

Estudante ao longo da vida, Henry Kissinger estava, "mesmo na sua décima década de vida, tão determinado a olhar para o futuro quanto para o passado", observou.

Foi a capacidade duradoura de Kissinger de fazer uso da sua "perspicácia estratégica e intelecto" para enfrentar os desafios emergentes de cada década que levou Presidentes, secretários de Estado, conselheiros de Segurança Nacional e outros líderes de ambos os partidos a procurarem o seu conselho, sustentou Blinken.

O secretário de Estado confidenciou que foram muitas as vezes que procurou o aconselhamento Kissinger, quer estivesse a viajar para a China mais de 50 anos após a sua "viagem transformadora", ou mesmo na abordagem à inteligência artificial, tema sobre o qual o histórico diplomata "estava a pensar, a escrever e a aconselhar prolificamente, até às semanas finais da sua vida".

"Poucas pessoas foram melhores estudantes de história -- e ainda menos pessoas fizeram mais para moldar a história -- do que Henry Kissinger", concluiu Antony Blinken num comunicado.

O antigo secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger, figura incontornável da diplomacia mundial durante a Guerra Fria, que dominou a política externa dos presidentes Richard Nixon e Gerald Ford, morreu na quarta-feira, aos 100 anos, na sua casa em Connecticut.

O controverso diplomata manteve-se ativo até ao fim da vida, apesar da idade avançada. Em julho, já com 100 anos, visitou a China, onde se encontrou com o Presidente chinês, Xi Jinping.

Kissinger nasceu em 27 de maio de 1923, em Fürth, na Alemanha, no seio de uma família judia que se mudou para Nova Iorque, fugida do nazismo.

Recebeu o Prémio Nobel da Paz juntamente com o homólogo vietnamita Le Duc Thuo pelas negociações secretas para pôr fim à guerra do Vietname e normalizou as relações diplomáticas entre os Estados Unidos e a China durante a presidência de Richard Nixon (1969-1974).

No entanto, Kissinger será também recordado pelo apoio dado a ditaduras como as da Argentina, entre 1976 e 1983, aos últimos anos do regime de Francisco Franco, em Espanha, e ao golpe de Estado contra Salvador Allende, no Chile, em 1973.

Tópicos
PUB